No aço fúnebre dos
pregos...
Esvaeci-me no sangue do
pecado,
...de uma humanidade
perdida.
Que se alimentam das
aberrações,
Sem se importar com a
verdade,
Alienado de um mundo
imposto,
Na massificação dos sentimentos.
Carreguei a cruz desses
tantos...
Que vagam pelas ruas e
casebres,
Adormecidos à beira da
fome,
Sem sonhos, sem alma, sem
luz.
Esquizofrênicos de olhares
tesos,
Perambulando na imaginação
alheia,
Balbuciando palavras lúdicas...
...Da boca de falsos
profetas.
Que valeram as minhas
palavras?
De que valeu o meu
exemplo?
De que valeram a dor dos
cravos...
Se tudo o que fiz ninguém
mais lembra?
O mundo foi ganhando
formas,
Na busca incessante pelo
poder.
A humanidade despida de
sentimentos,
Perambula pelas ondas do
prazer...
Como se o amor fosse a
novidade,
Sensações descartáveis em
cada ser,
De olhos vendados...de
bocas caladas,
Na insana ansiedade de
apenas vencer.
Hoje, tudo pode, que tem
jeito,
As leis dos Homens é que
tem valor,
Mas o mundo ainda sofre na
dor...
...dos órfãos sem sonhos
para viver.
...das guerras que matam
inocentes,
...das injustiças que
alimentam descrentes,
De vícios, de orgias e de
prazer.
De que valeram as minhas
palavras?
De que valeram as tábua de
lei?
Os sermões na montanha?
Caminhar sobre as águas?
O mundo incrédulo ainda
paira na dor,
Na busca de uma vitória,
sem luta...
Desfilando sua ira na
hipocrisia do ter,
Guardando fortunas
inatas...
Ganhando valores sujos...
Massacrando os de menor
poder,
Sem ao menos descobrir seu
valor.
Mundo insano...hipócritas
femorais.
Atormentados na injustiça
pagã.
Ainda sinto as dores dos
cravos,
Nas mãos as chagas do
aço...
No peito a dor dos
aflitos,
No olhos as lembranças de
mim.
Mas de que valeu tudo
isso?
Se os meus ainda me renegam,
Se irmãos ainda não me
vêm,
Se usam meu nome em bocas
erre ondas.
Não pensem que o mundo
está no fim,
Não pensem que tudo acabará...
Não esperem a minha
volta...
Porque eu nunca fui...eu
nunca parti.
Sempre estive aqui nos
filhos órfãos,
Nos doentes, sofridos...
Nos indefesos das guerras,
Nos que vivem na dor das
calçadas,
Nos que morrem na fileira
da cura,
Nas palavras doces dos que
tem fé.
Porque a dor da
regeneração,
Onde os humildes são
exaltados,
Os enfermos são curados...
E vive, feliz, numa vida
longa.
Mas não aqui...não nesse
plano...
Nesse tempo...nesse
espaço.
Viverão no Paraíso de um
mundo melhor,
Onde não sentirão a dor...
...de um corpo
flagelado...
Nem a injustiça do Homens
condenando,
E ter o corpo, inerte,
sangrando...
...Nos Pregos na Cruz!