Balbucia um vento norte,
Embebido de nostalgia...
Anunciando a noite morta,
Velada em paredes frias,
Metamorfose de sonhos...
Sentimentos em ebulição,
Fumaça solidificando
imagens,
Na estupidez da Solidão!
Olhos insanos (goteiam),
Dores guardadas por
dentro,
Bocas famintas desejam...
O mundo que passa lento.
E o tempo se faz escasso,
Ludibrie – de som profano,
Que vai corroendo pedaços,
De amores e desenganos.
Entre o abajur e o
espelho,
Uma aranha faz sua obra...
Não quer saber de
conselhos,
Inerte ao tempo que cobra.
Cospe a sua ira na teia...
Como a conter o espaço,
Enquanto a luz encandeia,
O espelho mostra o que
faço.
O tempo esculpe no barro,
Banhado a gotas de vinho,
A borra de alguns
cigarros,
Mostra que fiquei sozinho.
Onde o silêncio reclama...
Calado em sua masmorra,
Deita-se em minha cama,
Pedindo que lhe socorra.
Lúcidos – loucos – Poetas,
Que tem a noite por dia...
De vida insana e
incompleta,
Vão alimentando-se de
poesia.
Entre as parede do
quarto...
Um caderno rabiscado...
Guardando tristes relatos,
Desses amores guardados.
E o vento beija a vidraça,
(Como a beijar a tua
face),
Enquanto a lua faz graça,
Em cada verso que nasce.
E a mão que segura a taça,
Já tremulante, do vinho...
Limpa as lentes que
embaça,
A louça do pergaminho.
Lençóis de seda e estampa,
Dobrados na forma de
espera,
Contrastam a cortina
branca,
De um quarto quase
tapera...
Rabiscado em tons de
gris...
Pelas paredes sem vida...
Como se o tempo, infeliz,
Não me quisesse de
partida.
E aqui vivo, pra ser
sincero,
Como um poema inacabado,
Porque o fim que mais
quero,
Parece que me foi negado.
Então sigo sem meus
amores,
Porque todos já me
deixaram,
Com a sina dos
sofredores...
Que da poesia se adonaram.
Bebericando as lembranças,
(Como a chicotear-me de relho),
Fico medindo a
distância...
Entre o abajur e o
espelho.
A embriagues me conforta,
Da dor dos meus pesares...
E me tranca ante a porte,
Bem longe do ecar dos
bares.
Aprendi que a vida é
incerta.
Num quarto frio de
cimento,
Me fingindo de ser
poeta...
Pra não morrer de lamentos,
E em cada noite pequena...
Golpeado ao tempo que faço,
Revivo ao bailado da pena...
E em cada verso...renasço!
Sem comentários:
Enviar um comentário