São os semeadores da prece,
Com voz de vento na garganta,
Como quem clama pra Santa,
Pedindo a fartura da messe...
Se, por um instante emudece,
Calando na dor de um poema,
O silêncio fica dono da cena,
E por um instante se agiganta,
Como quem dá vida a uma planta,
Ou um simples revoar de falena.
São os senhores da verdade...
Quando a verdade é o verso,
Semideuses de um universo,
Alheio ao tempo e a saudade,
Quando o antigo e a modernidade,
São elos da mesma corrente...
Empurrando com voz dolente,
A tropa grande das rimas...
E entregando uma obra prima,
Para este Sul do continente!
Assim, passaram pelo tempo...
Desde que o mundo é mundo,
Guardando versos profundos,
No baú dos sentimentos...
Como se houvesse ali dentro,
Bem ao lado de um coração...
O santuário de um galpão,
Aonde um poema se aquece,
Pra sair em forma de prece,
Como quem clama em oração.
Bendito! sejam esse tantos...
Que dos versos fazem cama,
Bendito seja! quem declama,
Por que declamar é um canto,
Que às vezes a dor e o pranto,
Na solidão de um momento...
Vão remoendo seus alentos,
Em cada palavra dita...
Como se já viessem escritas,
Nas folhas do pensamento.
O que seriam dos poetas...
Sem a voz de quem declama?
O que seria de quem ama,
Sem sua poesia predileta?
Se não fossem esses profetas,
De voz canora e pausada,
Que numa noite enluarada,
Vão soltando suas amarras,
Trocando versos co'a guitarra,
Pelo fiador das madrugadas.
Quando o mundo foi criado,
Fez-se a noite e as estrelas...
Criou o homem para vê-las,
E um sentimento guardado,
Sem uma mulher à seu lado...
Nem amigos para companhia,
Com a saudade, a nostalgia,
E o homem longe do seus...
Clamou de joelhos pra Deus,
E Deus, então fez a poesia!
E chamou alguém pra recitar,
Da porta grande do céu...
Que batizaram de menestrel,
Pelo doce modo de falar...
Trazendo lampejos no olhar,
Que encantaram ao criador,
Então clamaram ao Senhor...
Para a grandeza da poesia,
E Ele colocou em nossos dias,
Um anjo, para ser declamador!
E assim a Pampa se ergueu!
E assim o Rio Grande foi criado!
Em forma de versos rimados,
A própria história escreveu...
Quando o Criador elegeu,
Para finalizar os Seus dias,
Descansou junto à água fria,
De alguma sanga profunda,
Lá onde a poesia, se inunda,
Pelos Palcos das sesmarias!
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