"São duas cruzas de maulas,
Herdeiros da pampa torena,
Um que arrasta as
chilenas,
Outro, um leão fora da
jaula";
São duas cruzas de maulas,
Vergando o lombo dos
pastos,
Mapeando o Rio Grande a
casco,
Tenteando a vida co’a
sorte...
Quem não se importa co’a
morte,
Faz o seu mundo nos
bastos!
São torenas de alma
antiga,
Que ultrapassaram os
tempos,
Trazendo a Pátria nos
tentos,
Peleando na mesma briga...
Talvez a história não
diga,
Não por faltar co’a
verdade,
Talvez, um tanto de maldade,
Ou falta de folhas nos
livros,
Mas o campo permanece
vivo,
Timbrando a própria
identidade.
São tauras templados no
aço...,
Tingidos no picumã dos
galpões,
Que trazem o bruto aos
tirões,
Por conhecer a força do
braço,
Sabem que tempo e
espaço...
Não são lições que se
ensina,
Com tento e trança de
crina,
É onde o pavena se
apavora,
E vai dando bóia pra
espora,
C’um mango caindo por
cima.
Quem traz o olhos de
campo,
E é dele que tira o
sustento...
Talvez só confie nos
tentos,
E na fé ungida pr’os
Santos,
Pois sob o azul deste
manto,
Que Deus nos deu de
Regalo,
Quem já sentiu esse
embalo,
D’um bocudo quando se
pega,
Pois o taura não se
entrega,
Pra sina bruta destes
Cavalos.
Quem conhece a lida bruta,
Sabe que não há outro
jeito,
O Pavena, eu sempre respeito,
Mas será eterna a nossa
luta,
A sina triste que
desfruta,
De ter nascido,
aporreado...
Talvez, a muitos, não
agrado,
Mas são ofícios dum
ginete,
De saltar dando porrete...
No lombo de um desbocado.
Pois a gineteada faz
parte,
Desta Pátria Continentina...
Com tento e trança de
crina,
E o mango enfeitando a
arte,
Duas forças que se
repartem,
Solitos num campo afora...
Ouvindo versos de esporas,
Cantarolando nos ventos,
E o mundo preso num tento,
Pelo quietume das horas.
Se trago esporas
cantadeiras,
No contraforte das
botas...
Talvez a estampa nem nota,
Esses barros de
mangueiras,
Quando minh’alma
estradeira,
Busca um fundo de
corredor...
Onde um zaino escarceador,
Conhece as voltas e
estradas,
Lá, adonde a linda faz
morada.
Num racho aromado de flor.
Se ando de estampa
judiada,
Dos corcovos desses
pavenas,
Te peço perdão morena...
Mas a vida é espora
cravada,
Que sangra o taura por
nada,
E vai talhando os
sentimentos,
Tirando as loncas de
tentos,
Deste potro, coração...
Que, às vezes, se faz
redomão,
Por não ter o teu alento.
Um dia, ainda, largo a
potrada,
E deixo esta vida de
ginete...
E encontre o rumo de um
brete,
Nos braços da mulher
amada,
Num rancho, junto da
aguada,
Esperando a tarde que
finda,
E um mate de
boas-vindas...
Com tantas luas de
esperas...
Terá o florir das
primaveras,
No ventre farto da linda!
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