Um dia chegou na estância,
...ninguém sabe onde veio,
Uma negrinha, esmirrada,
que não falava quase nada,
e o que falava não se entendia.
Um Peão que andava no campo,
disse que encontrara vagando,
andando solita pelos corredores,
colhendo os ramos de flores e...
comendo as frutas da mata.
E que quando vira o paisano,
não esboçara nenhum medo...
mas haviam olhares de segredos,
como dos que vive sem rumo.
Pouco falara em palavras,
Os anos que viveu na estância,
Nós a chamamos de Aparecida...
- Por aparecer assim, do nada -
Mas também por seres iluminada,
Com olhos de noites, esculpidas,
Numa face meiga e triste...
Dessas que já não existem,
Mas nos encantam a vida.
Pra lides, tinha mãos de fada,
E trazia a cura na mãos...
Senhora de todas as bênçãos,
Se transformara com os anos,
Fazendo curas, cozendo em panos,
Em orações e benzeduras...
Mas o Negror da pele escura,
Lhe castigavam ao juízo...
Quando andavas sem permisso,
Curando os pobres e mendigos.
O Patrão velho, da estância,
Que se somava aos ateus...
Botava a Negra de castigo,
E escurraçava com os mendigos,
Esse pedintes e andarilhos,
E gritava com dedo em riste,
Que esse tal Deus não existe,
Se existe: porque não cuida seus filhos?
Aparecida, como era chamada,
Ouvia tudo, calada e com olhar de tristeza,
Por saber que sua existência,
Se devia a benevolência...
De Deus, Pai e Criador...
Que só nos ensinava o amor,
E a certeza de sermos iguais,
Independente dos que tem Pais,
Ou vivem órfãos pelas estradas.
Um dia o Patrão da estância,
Caiu num sono profundo...
E foi se desligando do mundo,
Num coma quase irreal.
Fora levado ao hospital,
Melhores médicos e aparelhos,
E só ouviam os conselhos...
Que só contassem com a sorte,
Pois o castigo da morte...
Viera atormentar o estancieiro.
Certo dia a Aparecida...
Sumiu no mundo novamente,
Procuraram pela estância,
Por outras estâncias vizinhas,
E a única notícia que vinha...
Para o ouvidos da peonada,
É que, àquela Negra, ingrata...
fugiu, com algum correntino.
No hospital, à espera da morte,
A família contava as horas...
De fazer um enterro descente,
Que convidassem muita gente,
Para mostrar o Homem bom
Que levantara essa nação...
Com o suor do seu próprio rosto,
E s alcançara esse posto...
Por ter um grande coração.
Ninguém falava nas maldades,
Na escravidão e nas chibatas,
Nem dos filhos co’as mulatas,
Que o dinheiro não conta...
Pois quando a morte nos aponta,
Para ser a vez, o escolhido...
Ficam bons os piores bandidos,
Ficam com fé os ateus.
Um dia entrou no quarto,
Uma negrinha de branco,
Trazendo a luz sob um manto,
E um rosário entre os dedos,
E com a fé, que lhe foi concebida,
Trouxe ao estancieiro a vida...
Sem dizer uma só palavra,
Abrindo os olhos e vendo a escrava,
A mesma negrinha sumida.
Todos olharam para Negra,
Que emergia raios de luz,
E num simples sinal da cruz,
...as duas mãos estendidas...
Disse em ar de despedida:
- De nada vale o seu dinheiro,
Quando Deus não vier primeiro,
Para alimentar a nossa vida.
Ficaram olhares de espanto,
Com a vida voltando ao peito...
O Estancieiro sobre o leito,
Nas lágrimas de um olhar triste,
Lembrando de seu dedo em riste,
Diante da Negrinha sumida,
Era a própriaSanta Mãe Aparecida,
Mostrando que Deus existe!
...ninguém sabe onde veio,
Uma negrinha, esmirrada,
que não falava quase nada,
e o que falava não se entendia.
Um Peão que andava no campo,
disse que encontrara vagando,
andando solita pelos corredores,
colhendo os ramos de flores e...
comendo as frutas da mata.
E que quando vira o paisano,
não esboçara nenhum medo...
mas haviam olhares de segredos,
como dos que vive sem rumo.
Pouco falara em palavras,
Os anos que viveu na estância,
Nós a chamamos de Aparecida...
- Por aparecer assim, do nada -
Mas também por seres iluminada,
Com olhos de noites, esculpidas,
Numa face meiga e triste...
Dessas que já não existem,
Mas nos encantam a vida.
Pra lides, tinha mãos de fada,
E trazia a cura na mãos...
Senhora de todas as bênçãos,
Se transformara com os anos,
Fazendo curas, cozendo em panos,
Em orações e benzeduras...
Mas o Negror da pele escura,
Lhe castigavam ao juízo...
Quando andavas sem permisso,
Curando os pobres e mendigos.
O Patrão velho, da estância,
Que se somava aos ateus...
Botava a Negra de castigo,
E escurraçava com os mendigos,
Esse pedintes e andarilhos,
E gritava com dedo em riste,
Que esse tal Deus não existe,
Se existe: porque não cuida seus filhos?
Aparecida, como era chamada,
Ouvia tudo, calada e com olhar de tristeza,
Por saber que sua existência,
Se devia a benevolência...
De Deus, Pai e Criador...
Que só nos ensinava o amor,
E a certeza de sermos iguais,
Independente dos que tem Pais,
Ou vivem órfãos pelas estradas.
Um dia o Patrão da estância,
Caiu num sono profundo...
E foi se desligando do mundo,
Num coma quase irreal.
Fora levado ao hospital,
Melhores médicos e aparelhos,
E só ouviam os conselhos...
Que só contassem com a sorte,
Pois o castigo da morte...
Viera atormentar o estancieiro.
Certo dia a Aparecida...
Sumiu no mundo novamente,
Procuraram pela estância,
Por outras estâncias vizinhas,
E a única notícia que vinha...
Para o ouvidos da peonada,
É que, àquela Negra, ingrata...
fugiu, com algum correntino.
No hospital, à espera da morte,
A família contava as horas...
De fazer um enterro descente,
Que convidassem muita gente,
Para mostrar o Homem bom
Que levantara essa nação...
Com o suor do seu próprio rosto,
E s alcançara esse posto...
Por ter um grande coração.
Ninguém falava nas maldades,
Na escravidão e nas chibatas,
Nem dos filhos co’as mulatas,
Que o dinheiro não conta...
Pois quando a morte nos aponta,
Para ser a vez, o escolhido...
Ficam bons os piores bandidos,
Ficam com fé os ateus.
Um dia entrou no quarto,
Uma negrinha de branco,
Trazendo a luz sob um manto,
E um rosário entre os dedos,
E com a fé, que lhe foi concebida,
Trouxe ao estancieiro a vida...
Sem dizer uma só palavra,
Abrindo os olhos e vendo a escrava,
A mesma negrinha sumida.
Todos olharam para Negra,
Que emergia raios de luz,
E num simples sinal da cruz,
...as duas mãos estendidas...
Disse em ar de despedida:
- De nada vale o seu dinheiro,
Quando Deus não vier primeiro,
Para alimentar a nossa vida.
Ficaram olhares de espanto,
Com a vida voltando ao peito...
O Estancieiro sobre o leito,
Nas lágrimas de um olhar triste,
Lembrando de seu dedo em riste,
Diante da Negrinha sumida,
Era a própriaSanta Mãe Aparecida,
Mostrando que Deus existe!
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