Mas me lembro bem...
Quando o Pai foi embora;
Era uma manhã fria...
A geada branqueava os campos,
E o vento gemia entre as paredes...
Fumaceadas de um galpão.
O sol não veio naquele dia...
- Mas vieram muitas pessoas!
O velho cusquinho coleira...
Que todos as manhãs se enrolava,
Entre as botas do meu Pai,
Choramingava no silêncio do galpão;
O zaino velho da encilha,
Costeava as cercas do potreiro,
Talvez sentindo a falta dos bastos,
Talvez sentindo a ausência do amigo...
Meu Pai deitado sobre uma mesa,
Bem ali na sala da frente...
(Com a sua roupa mais bonita);
Vi as mulheres chorando...
Vi minha Mãe chorando,
E as pessoas que chegavam,
Todas iam ver o meu Pai.
Na minha inocência de criança,
Não sabia o porquê!
Lembro quando a Mãe me disse:
Que o Papai foi embora,
Pois, agora ele era uma estrela,
Que brilhava, lá no céu...
Ele fora fazer uma casa nova,
E que um dia viria nos buscar!
Aquele dia foi muito triste!
Veio muita gente ver meu Pai...
Depois todo mundo foi embora,
E nós ficamos lá sozinhos;
Muitas vezes, vi Mamãe chorando,
Muitas vezes, vi Mamãe rezando,
E me ensinou em suas preces,
Falar com o meu Pai.
Contou-me várias estórias:
- das pessoas que viram anjos;
- como nascem as estrelas;
- e que há um céu muito lindo,
com muitas flores...e pássaros,
(onde um dia iremos nos encontrar,
para seguirmos juntos a mesma vida).
Eu tinha muita saudade de meu Pai!
Mas não queria chorar...
...para não ver a minha Mãe triste;
Uma noite, quando eu dormi...
Meu Pai veio me visitar;
Tinha uma roupa muito branca,
Um sorriso largo...
Uma luz brilhante...
...levou-me pela mão por campos lindos,
sangas, rios, flores, pássaros...
(tudo que minha Mãe tinha me contado).
Tinha um cavalo, igual ao zaino velho,
e cusquinho coleira e brincalhão,
que nem o que nós tínhamos aqui;
Sentamos numas pedras grandes,
- lá na costa de uma sanga...
e ele me contou coisas que nunca
tinha falado antes.
Me deu beijos e abraços...
- por que antes Papai não abraçava!
Caminhamos por longas estradas...
Conversamos como dois amigos,
...e eu ouvia atentamente seus conselhos,
Coisas que meu Pai nunca tivera tempo de fazer.
Mostrou-me o lugar onde morava
...e muitas pessoas que ali estavam!
Depois, de algum tempo...
ele me deu um beijo...
e se foi, caminhando tão longe,
deixando-me ali chorando,
chamando por meu Pai...
Então acordei!
...e com os olhos encharcados de lágrimas...
sufocado no meu berço de criança;
Nunca falei isso para ninguém!
Daquele noite em diante,
muitas vezes encontrei o meu Pai;
- Sempre o mesmo sorriso...
e as palavras doces que,
me soavam como conselhos;
Os braços abertos num afago de amigo;
A mão, sem calos... e aquela luz
Iluminando os meus passos.
Nunca mais fui para baixo da mesa,
chamar por ele...
(como eu fazia nos momentos de solidão);
ou nas vezes em que ele tropeava,
(ficando dias longe da gente);
Nunca mais reclamei da sua ausência,
Pois entendi que há um mundo maior...
...e que uma vida não acaba,
quando o Pai vai embora.
Pois até hoje, pelo vento,
escuto o seu assobio, me mostrando,
que ainda está junto de mim,
caminhando do meu lado...
(como nos meus sonhos),
e iluminando os meus dias,
com aquela luz tão branca,
tão alva... que só os anjos podem ter.
Cresci como crescem os meninos,
tentando seguir os passos de seu Pai!
Muita gente não compreendeu...
quando ensinei outro cusquinho coleira,
a se enrolar nos meu pés...
...e soltei o zaino velho para
morrer num fundo de campo.
Nunca mais eu perguntei:
- Porque um Pai vai embora?
Desde o dia em que compreendi,
que os Pais são anjos...
Anjos que Deus coloca ao nosso lado,
para nos guiar pelas estradas da vida,
sempre na busca do bem!
Sempre no caminho mais leve,
e que nos sustenta nas hora da dor.
Compreendi também,
que um Pai não morre...
...apenas parte pra um mundo novo,
porque aqui onde vivemos,
a vida não dá tempo,
para um carinho de Pai e Filho!
quinta-feira, 3 de agosto de 2017
Quando me tornei Mãe!
A vida é sopro divino na
boca dos sentimentos,
É luz de vela que apaga ao
primeiro beijo do vento,
São carícias matutinas no
âmago de cada ser...
Que descobre com o tempo,
o quanto dói um perder!
Quando me tornei Mãe, foi
assim!
Embalei nos braços, os
sonhos que não eram só meus,
...amamentei no peito, que
não tinha, a fome de uma boca faminta,
embalando os sonos mais
profundo, sem me importar com o mundo,
vestindo de caricias as
bochechas rosadas, com roupas e talcos...
afogando as palavras em
linguagens sutis, que me acostumei,
pois eu me tornava a vida,
na vida do amor que ganhei.
Sonhamos juntos, tantos
sonhos, sonhados!
Tantos beijos roubados no
afagar das retinas,
Imagens constantes de
desenhos coloridos,
rebuscando palavras para
adocicar as bocas,
de um amor crescente que se
tornaria eterno,
tartamudeando caricias
para enfeitar os dias...
na espera incontida de
primaveras floridas...
alimentado num ventre,
quarto de lua, crescente,
que mais parecia ser
cheia.
Redescobri madrugadas para
rondar o teu sono...
Tive ânsias e enjoos para
não deixá-la sozinha,
Comi coisas estranhas para
matar os desejos,
E sentia dentro de mim a
vida que não era minha!
Dobrei os panos do tempo
enxovalhados de amor,
pus talcos e mamadeiras...chupetas
e pingentes...
e uma tiara de lua
minguante para prender os cabelos,
esperando por aquele choro
para ser vida na gente!
E veio o meu sorriso... a
felicidade de todos nós...
mas as lâminas do destino
são como felpas, na dor,
e a vida que brotava aos
prantos sem saber porque vinha,
levava outra, sem pena, de
nos deixar sem amor!
O sengue no lençol, a dor
sem nem um choro...
As batidas sem compasso,
sem saber porque paravam,
Enquanto olhos se
espantavam, buscando qual a razão,
Ia calando um coração,
deixando tantos que a amavam!
Quando me tornei Mãe, foi
assim!
Descobri que em cada gesto
que não fiz...
...em cada palavra não foi
dita,
...em cada amor que calei,
...em cada beijo que não
dei,
...em cada abraço que não
quis,
são punhaladas que ficam
rasgando a carne da gente,
sangrando em olhares
perdidos na dor de uma saudade.
Larguei o mundo que tinha!
para me tornar o que não
era...
E embalei nesses braços o
amor que era nosso,
mesmo sabendo que o tempo,
às vezes, se faz de louco,
e fica me enchendo os
olhos de uma tristeza incontida...
com a imagem dela
refletida, num par de olhos azulados!
Que culpa tem uma vida, se
outra vida foi chamada?
Se a gente não escolhe o
dia, pra morte se fazer presente?
talvez ao tempo, até
entenda, as frases que vêm escritas,
e a sina que carregamos de
cuidar o que é da gente!
A vida é sopro divino na
boca dos sentimentos,
é luz de vela que apaga ao
primeiro beijo do vento,
São carícias matutinas no
âmago de cada ser...
que descobre com o tempo o
quanto dói um perder!
Quando me tornei Mãe, foi
assim!
Não escolhi...fui o
escolhido!
Com o coração dividido, de
uma chegada e uma partida,
entendi o preço da vida e
a cruz que se carrega...
Mas Deus, Te olha e Te
entrega,
Sem preguntar se é ao teu
gosto,
Depois Te dá forças, Te Dá
motivos...
E Sabe que enquanto tu
permaneceres vivo,
terás muitos caminho para
percorrer...
Enxugando as lágrimas e as
tristezas que trago...
em cada sorriso em que teu
olhar me revela...
eu tento, aos poucos,
suportar essa ausência...
embora sabendo que há um
vazio de espera.
E a vida se refaz pelos
semblantes de mundo,
nostálgicos pesares em
dois olhos sem brilho,
Recompus os caminhos de um
Pai verdadeiro...
Quando me tornei Mãe, para
ser vida,
na vida do meu filho!
QUANDO LEVARAM UM PEDAÇO DE MIM!
Não...não sei onde errei,
Mas sei que o meu erro
levou parte de mim!
Ontem meu filho disse pela
última vez:
- “Não te mete na minha
vida!”
E eu, com olhos
encharcados, calei!
Calei como calam-se todas
as Mães,
Chorei como choram, todas
as Mães,
E vi meu filho sair como
sempre fez!
Uma foto entre um rosário
e as flores,
Uma dor cortando um
coração...
Lágrimas, lembranças,
solidão!
Choro por perder um pedaço
de mim,
Por ser fraca, por ser
infeliz, por ser Mãe.
(Mãe que não queria ver um
filho assim).
Busquei pelos véus da
lembrança,
Aquela mulher sonhadora,
frágil,
Que viu a vida crescer em
seu ventre,
Que ouviu o mundo num
pulsar de vida,
Que sentiu a dor de noites
mal dormidas,
E a pele rasgando num
parto de amor.
Não tenho direito de
meter-me em sua vida,
Pois não me meti no teu
primeiro choro...
Na sua primeira dor de
barriga...
Na primeira noite de
insônia, embalando teu sono;
Levantando madrugadas para
trocar tuas fraldas,
Levando meu peito no frio
dos invernos,
...para saciar a tua fome.
Não...não tenho direitos!
Pois quando choravas, lá
estava eu,
...embalando o teu berço,
acariciando a tua fronte,
Cantando as canções quem
nem mesmo, eu sabia.
E nos teus primeiros
passos?
- quando cambalhantes, caias...e
choravas,
e de olhos marejados pedia-me
aconchego.
Lembro-me de tudo:
As febres que queimavam
mais à mim do que a ti...
As gripes que te sufocavam
o peito...
As sopinhas de feijão
esmagado...
As pastas de angu e leite.
Aquela mulher Mãe (frágil
como tantas),
Virava Anitas, feras cuidando
a cria...
Quantas vezes peleei com a
vida?
Quantas vezes chorei de
dor?
Quantas vezes velei o teu
sono?
Quantas vezes te dei amor?
Sim... eu não tenho que me
meter na tua vida!
Quando fostes para a
escola pela primeira vez,
...lá estava eu atrás da porta,
espiando-te,
(escondida esperando tu
ficares bem).
Quando chegavas em casa, o
lanche pronto,
A água quente para o teu
banho,
A roupa limpinha para o teu
afago,
A comida prontinha para a
tua fome.
Quantas vezes fiquei sem
comer, para te dar!
Quantas vezes eu chorei,
sem ter o que te dar!
Quantas vezes eu pedi, eu
clamei, eu consegui,
eu lutei, eu gritei sem ninguém ouvir...sem ninguém ver!
- Sem tu me pedires e dei-te o
que precisavas!
O que tu querias, o que tu
sonhavas!
E eu, mulher, vivendo
minha vida para ti,
Chorando nas tuas ausências
momentâneas,
Acordada, esperando o
rangir da porta, na tua chegada,
Levantando nas madrugadas
para te levar mais cobertas,
Brigando para te ver
sorrindo...
Lutando para te dar dias
melhores.
Não...eu não tenho o direito
de meter-me em tua vida!
Porque eu errei...
Errei em amar, em sonhar,
Em enfrentar o mundo para
ter o meu filho,
Fruto de um amor
irresponsável, para muitos,
Mas verdadeiro para o meu coração.
Errei em acreditar que a
vida é tudo,
E que vale à pena ser Mãe,
ser mulher,
Ser a fonte natural que
ilumina...
Que dá vida, que ensina,
que afaga, que amamenta,
E que colhe na felicidade
de ter um filho!
Tu crescestes como todos
crescem...
E o menino frágil, de
sorriso delicado,
De palavras doces, de
olhar terno...
Aprendeu, longe de mim, a
rebeldia do mundo.
A falsidade que impera com
a mentira,
A revolta dos adolescentes
mimados,
Que dão valores, a valores inúteis,
A conselhos fartos de
palavras tolas.
Hoje não tenho mais o meu
menino,
Não tive o amigo, o
companheiro,
O abraço forte, o beijo
lambusado.
Perdi... Perdi por amar de
mais...
E esquecer de que há um
mundo,
Tão imundo, tão sujo, tão
nojento,
Tão fétido e tão
escroto...
Que nos tira, tudo o que
temos...
E não nos dá a chance de
ser feliz.
Ontem meu filho disse pela
última vez:
“Não te mete na minha
vida!”
E não me meti.
Hoje, meu coração chora...
Chora por que com ele
enterrei uma parte de mim!
Quando eu morrer!
Quando eu morrer, não
chore!
Nem lamente a minha
partida,
Lembra-te o que fui nesta
vida,
E das coisas boas que eu
já fiz...
Pois há um ditado que diz:
“A morte não vem em vão,
Quem deixa amor num
coração,
Não morre parte pra viver, feliz”!
Quando eu morrer, não
clame!
Nem fale dos momentos
ruins,
Por certo não será o meu
fim...
...que me fará um sujeito,
melhor,
Lembra-te das minhas gotas
de suor,
Lutando pra ser melhor cada dia.
Vivendo e dando vida à poesia,
Esqueças o que mundo faz de
pior.
Quando eu morrer, sorria!
Com aquele sorriso encantador,
E lembra-te de quem semeou
amor,
Pela inquietude dos
versos...
Viajando em sonhos dispersos,
Nas folhas brancas de um
papel,
Fez o seu mundo, o próprio
céu...
Para ser lembrança no
universo.
E quando virem as
lágrimas...
Deixa que elas saiam...
Deixa que elas caiam...
No silêncio mais profundo,
Recolhido a paz deste
mundo,
Eu estarei entre teus
braços...
No mais afetuoso abraço,
Desse teu amor fecundo!
Lá onde estarei agora...
Estarão tantos junto
comigo,
Os velhos e antigos
amigos,
Que um dia já foram
embora,
Talvez por ter chegado a
hora,
(Se é que há hora, na
outra vida),
Deixando lágrimas na
partida...
De alguém que ainda chora!
Quando eu morrer, será
assim!
Mescla de versos e de
cantos,
Gotas de lágrimas e de
prantos,
Mas sem grito e sem
clamor...
Que cada um tenha a sua
dor,
Na mais contrita oração...
Tendo vida na voz de um
violão,
E na goela de algum
cantador!
Pra que a noite fique
pequena,
Quero cordeonas e
guitarras,
E que seja uma noite de
farra,
Com canha e tragos de
vinho,
Pois não quero partir
sozinho...
Sem ao menos uma
despedida,
De alguma china
atrevida...
Que foi feliz com meu
carinho.
E na hora de fechar a
campa,
Ponham, umas folhas em
branco,
E um pasto verde do
campo...
Juntos com tuchos de
macega,
Quero juncos e
pega-pega...
Grudados ao pano da
bombacha,
Se a outra vida for
buenacha...
Que a morte, logo me
entrega.
Quero uma vez por ano...
Que todos lembrem de mim,
Mas não que seja o meu
fim,
Pois estarei na
eternidade...
Sentado no trono da
verdade,
Tomando mate com Deus...
E deixando no peito dos
meus,
Apenas a dor de uma
saudade!
Prisão!
O que pensam aqueles que prendem?
Que prendem pássaros?
Que prendem animais?
Talvez vivam na sua prisão interior,
Um coração sem liberdade, sem amor!
Pois o amor é a própria liberdade...
E não me digas que tu amas!
Que é mentira!
Quem ama, liberta, viaja junto...
Seguem os horizontes com os olhos,
Cavalga por estradas infindas...
Voa sem ter asas...
Corre sem ter pernas...
Busca um mundo sem tempo,
Sem espaço, sem caminhos!
O que pensam aqueles que prendem?
Que é o dono de tudo?
Que és o mais forte?
Que és o maior e o melhor?
Que pena que penses assim!
Pois te vejo como um fraco, solitário,
Que vês a tua grandeza na inferioridade;
E mente na tua estupidez ingrata...
Que fere, que faz sofrer, que faz chorar!
Amor e liberdade vivem juntos...
São filhos de uma mesma Mãe,
Que os libertos chamam de felicidade!
A por talvez ter o teu mundo, feio,
triste, nojento e sem vida...
Que não dá a liberdade a um pássaro,
Para ver um outro mundo, bem maior,
bem mais lindo, bem mais feliz,
que só os que estão lá encima podem,
e tem a grandeza de ver.
Talvez por isso, que tu prendes;
Mas pior do que vê-los presos,
É saber que dentro de ti há um ser,
Preso, pobre de vida e de esperança,
E que morre há cada dia, pedindo,
Suplicando por tua ignorância,
Pedindo a liberdade que tu não dá!
Chorando as mínguas do amor.
Pois teus olhos não conseguem ver,
A revoar de um pássaro,
cantando livre e feliz...
Não conseguem entender que,
quem ama liberta...
e quem é amado volta sempre,
Por isso os prende, por isso mal trata,
Pois teu amor não é suficiente para ter,
quem o liberta, de volta.
E sabes porque?
Porque tu és fraco, tu és infeliz,
E consegue fazer os que te rodeiam,
mais tristes, mais infeliz...
Na desculpa que prendes por amor.
Pobres incrédulos
tolos...
Ainda se ajoelham clamando a Deus,
Para ter a felicidade que tiram,
Que castram, que sonegam;
Não sei se tenho pena de ti...
Ou desse mundinho em que tu vives,
Prisioneiro da tua vaidade...
da tua ignorância...
da grandeza que imaginas ter.
Esse é o mundo de muitos...
dos que ainda não sabem que:
"A diferença entre a prisão e a
liberdade é uma linha muito tênue,
e está na consciência de cada um".
Liberte sempre... tudo e todos!
Pois o AMOR que prende não existe,
E só quem AMA de verdade, pode,
um dia conhecer o que chamamos,
de FELICIDADE!
PRA QUEM SABE ONDE CHEGAR!
Sim...um dia eu pensei em
desistir!
Pensei que não valia a
pena lutar,
Que a vida é sonho sem
caminhar,
Mas poucos conseguem construir!
Sim...um dia eu pensei em
desistir!
Por que os fracos desistem
no caminho,
Não se sustentam na longa
caminhada,
E buscam sombras pra
chorar sozinho!
Sim... um dia eu pensei em
desistir!
Desistir da vida, dos
sonhos, da caminhada,
Quanto mais eu me via na
estrada,
Mais sozinho eu estava
comigo...
Só espaço, sem abraço, sem
abrigo,
Sem força, sem fé, nem
esperança,
E via que são longas as
distâncias...
Solito sem a palavra de um
amigo.
E no passar do tempo, tive
sonhos,
Tive outros caminhos e a
mesma vida...
Vi muitos “adeus” de
despedida...
Mas desistir agora? - se
fui escolhido,
Não vivo esquecido, não
vivo perdido,
E em cada passo que dou,
que busco,
Encontro pelos caminhos
ofuscos...
A força de um abraço
pretendido.
Todos nós sabemos o nosso
final...
E queremos uma longa
caminhada!
Somos andantes dessas
estradas,
Vagando pelas veredas do
destino.
- Muitos são errantes,
peregrinos,
Perdidos na imensidão de
si mesmo,
Vagando na angustia do a
esmo,
Frágeis e solitários
“umbraldinos”.
Sim...um dia eu pensei em
desistir!
Como desistem os pródigos
ateus...
Pobres ínfimos incrédulos
de Deus,
Que não sabem o caminho a
seguir,
Que não conhecem o valor
de um sorrir,
Embriagados no mal que os
seguem,
Onda a vida de valores
reneguem,
Sem saber do que ainda há
por vir!
Encontrei por estradas tão
estreitas,
As pedras que outros
deixaram...
E sem forças novamente retornaram,
Pelo frágil preceito de
andador...
Não me deixou ser escravo
da dor...
E pelo mundo me fiz um
andante,
Com a certeza que faz jus
aos amantes,
Vale a pena caminhar em
busca do amor.
Somos todos peregrinos
deste mundo,
Andantes por estradas e
caminhos...
E todo aquele que andas
sozinho,
Viajor de um mundo de
solidão,
Onde o tempo, ceifará sem
perdão,
Co’as forças que fazem
seguir em pé,
Morrerão sucumbidos e sem
fé...
Inertes pelas clausuras da
solidão!
Por isso nunca faça igual
à mim,
Que um dia já pensou em
desistir,
Pois sempre haverá luz no
porvir,
Embora a noite, traga a
escuridão,
O tempo, o único dono da
razão,
Da certeza que chegarás
até o fim...
Quem sabe queiras andar
junto à mim,
Na fé que me dá força, ao
coração!
Não...eu nunca mais vou desistir!
Já vi que será longa a
caminhada,
E vamos todos, andar de
mãos dadas,
Abraçados nos mesmo
sentimento,
Não importam as agruras
dos momentos,
Não importam as dores que
trago,
Não importa se o caminhos
são largos,
O que importa é o que
guardo aqui dentro.
E aqui, há um espaço,
muito grande,
Onde há sonhos, vida e
esperança...
Que pouco importam as
distâncias,
Os caminhos que tiverem a
seguir...
Se um dia eu pensei em
desistir...
Talvez seja por ter
chegado ao fim,
Não...por favor, não
desista de mim!
Que eu nunca...nunca
desistirei de ti!
Pra quem faz Pátria de acavalo!
Boceja um sol de agosto,
sobre a quincha do rancho,
Baetando aba dum poncho,
Num mundo, fundo de posto,
Tem olhos de contragosto,
Na manhã que mostra a
cara.
Lá donde o tempo não
para...
Talvez por ser andarilho,
Terrunho mapa que trilho,
Por entre barro e taquara.
Silêncio quebrado a canto,
No bico afiado dos
galos...
Que sincronizam os
estalos,
Do graveto, no mesmo
pranto,
O mundo em que me garanto,
Que é escola a donde
estudo,
Um par de esporas
goeludos,
Talvez cansadas de
tê-los...
Vão mordendo couro com
pelo,
Das paletas dum
culmilhudo.
É bruxa a lida de um
taura...
Nas madrugadas terrunhas,
Tirando o barro, das
unhas,
E felpas de algum
palanque,
Antes que o dia se
abanque,
Já está lidando co’s
malos...
Trazendo o corpo no
embalo,
De um bocudo que de pega,
E por maula não se
entrega,
Gritando: forma cavalos.
Pra um domingo de agosto,
Geada bordando o macegal,
Dançando o mesmo ritual...
Do campo, fundo de posto,
O minuano que traz por
gosto,
Alguns versos desafinados...
Bordoneando nos
alambrados,
Retintando, nas
pontessuelas,
Quem sabe restos de
estrelas,
Pra meus olhos
tresnoitados.
O galpão é templo sagrado
Aonde o taura busca a
reza,
Comungando com quem preza,
Num mate bem encilhado...
E Deus Mateando à meu lado,
Porque Ele sabe o que
tenho,
Do Santo chão donde venho,
A fé faz parte da vida...
Só me guardando na lida,
Neste Rio Grande Sureño.
O mouro, campeando o
rastro,,
Fica bombeando a
coxilha...
Rebuscando nas maçanilhas,
A liberdade dos pastos...
Ouvindo o versos dos
bastos,
De “coscojas” e
nazarenas...
E um pala branco que
acena,
Sob as abas de um chapéu
Campeando o azul do céu,
Nos olhos de uma morena.
E é bem lá depois do
passo...
Na volta de um corredor,
O Mouro sabe o parador,
E todas as voltas que faço,
Quando o calor de um
abraço,
Banhando a águia de sanga,
Traz o aromas das
pitangas,
E de amoras amadurecidas,
Como amarrando-me pra
vida,
Com abraços de japecangas.
Nunca precisei de mapas...
Para saber por onde ando,
Pois quem nasceu
gauderiando,
Levando a vida aos
tapas...
Nunca precisará de mapas,
Traçados por convenções...
Porque a lei dos galpões,
De quem já nasceu liberto,
É saber o caminho certo,
Sem se dobrar aos padrões.
Não sei viver doutro
jeito,
Sem a liberdade que tenho,
Sem esse amor ferrenho...
Que pulsa dentro do peito,
Talvez seja o meu defeito,
De nunca empinar o nariz,
Pois muita gente, me diz,
E não me importa
escutá-los,
Só tenho a China e um
cavalo,
E me basta, pra ser feliz!
Partiu!
Partiu!
Meu coração se partiu,
Outros corações se partiram,
O Rio Grande chora...
O Coração do Rio Grande chora.
A vida para... os olhares param,
Não há sorriso, não há luz!
Quem viu, jamais esquecerá;
Quem não viu, nem imagina!
A noite escureceu... a lua não veio,
as estrelas ofuscaram-se;
Vieram murmúrios, gritos,
...depois o silêncio e dor!
A gente tenta entender a vida,
Mas quando os sonhos se partem,
Não há vida... não há esperança,
Ficam perguntas sem respostas,
e desculpas sem sentido.
Minha Santa não será mais a mesma!
Haverá sempre um olhar de tristeza,
um sorriso desbotado, uma dor escondida;
Talvez o tempo, quem sabe, só o tempo,
(senhor de todas as verdades...
Dono de todas as lembranças...
Ideal para todas as angústias)...
Só o tempo poderá dizer o que ainda não ouvi.
A certeza é incerta!
Os pensamentos são vagos!
A esperança calça esporas...
...e a vida perde o sentido!
Muitos Partiram!
Outros ficaram!
E o que será o amanhã?
Talvez seja apenas mais um dia,
de clamor, de oração, de incertezas;
Enquanto os ratos se desviam pelos
tuneis fétidos do poder...
Enquanto as leis libertam monstros,
das clausuras da ganância;
Enquanto rostos maquiados desfilam
nas lentes da fama,
Meus olhos pairam diante da justiça...
Bocas clamam, lágrimas rolam...
Mães enterram filhos...
...sem saber, o por quê!
Meu coração Chora!
Por que chorar vale a pena,
Por que lágrimas são remédios,
Por que amor não tem sexo,
não tem raça, não tem tempo,
não tem distância:
A dor é de todos que são verdadeiros,
que são humanos e que são reais...
Pois não vivem nas sombras imundas,
que separam os sonhos, do poder!
Talvez nunca...ninguém entenderá,
Talvez nem o tempo entenda...
Que a justiça é injusta...
Que o poder manda...
Que o dinheiro corrompe...
E que a vida vale muito pouco,
para muita gente.
Partiu!
Meu coração partiu!
Outros corações partiram!
Por que antes de querer tudo,
quero apenas ouvir o meu coração,
Por que só me basta ele para viver,
para sonhar e para ser feliz!
Simplesmente, Feliz!
O Que a História Não Me Contou
O
que a história não me contou...
O
que a vida sempre me negou,
Fatos
que hoje eu lamento,
Que
são dores, ressentimentos,
Fardos
pesados, que eu trago...
Quando
ao silêncio, indago,
Vendo
tanto ódio e maldade,
Que
chega a ser crueldade...
Dos
que se adonaram do pago.
Descobri que
esta gente...
Só conta um lado
da história,
Só contam os
feitos de glória,
De um passado
inconseqüente,
Que matou tantos
inocentes...
Em barbáries,
carnificinas,
Onde a ganância
malina...
Manchava a baldes de sangue,
Os campos deste
Rio Grande,
Da Velha Pátria
Sulina.
Rebusquei
n’algum retrato,
Que o tempo, já
amarelou,
E descobri que
quem lutou.
Não teve
história, nem fato,
Eram índios, negros
e mulatos,
Vivendo à beira
da fome...
Que forçados por
esses homens,
Com estrelatos
de Coronéis...
Estampavam o
ouro dos anéis,
E o peso de um
sobrenome.
Que de dentro
dos gabinetes,
Ou das estâncias
de luxo...
Se fingiam de
ser gaúcho,
Entre cupinchos
e mandaletes,
Que iam
reculutando ginetes...
Peões, escravos
e lavradores,
Que se dobravam
aos senhores,
Com promessa de
liberdade...
Numa mentira de
igualdade,
De
quem nunca conheceu valores.
Assim
ergueram bandeiras,
Com
suas pilchas de trapos,
Trastes
humanos, farrapos...
Resenhando
fronteiras,
Onde
a adaga cortadeira,
Ditava
a regra da vez...
Sangrados
mesmo que rês,
Na
crueldade das degolas,
Vendiam
a vida, por esmola,
Sem
entender o que fez.
Morreram pelas
coxilhas...
Qual um matungo
sem dono,
Atirados ao
triste abandono,
Como se não
tivessem família,
Sustentando a
saga caudilha,
Peleando de sul
a norte...
Só se entregavam
pra morte,
E a morte não
tem pena,
E infelizmente,
só condena,
Os que nasceram
sem sorte.
E a sorte que eu
me refiro,
É a simplicidade
de um berço,
Não sei se,
hoje, eu mereço,
Ter a Pátria que
admiro...
Se o mesmo ar
que respiro,
Faltou há tantos
dos meus...
Que a história,
podre, esqueceu,
Para contar suas
bravatas...
Desses caudilhos
de gravata,
Que se acham
maiores que Deus!
Sei que serei
condenado...
Pelo meu modo de
pensar,
Dos que só sabem
condenar,
Sem conhecer o
passado...
Tudo o que têm,
foi herdado,
Passados de Pai
pra filho...
Talvez, por eu
ser andarilho,
Que a vida
fez-me conhecer,
O que a história
tentou esconder,
Dos que chamamos
de caudilho.
Pois
o caudilhismo foi atraso,
Foi
morte e foi crueldade...
E
os que pelearam de verdade,
São
os esquecidos do acaso,
Sem
aurora e sem ocaso...
Num
tempo sem liberdade,
Num
mundo sem igualdade,
Vagando
diante as cancelas...
Ou
pelos barracos das favelas,
Nos
arredores das cidades.
Se, hoje, alguém
reclama...
Por um pedaço de
terra,
Talvez sejam os
netos da guerra,
Que Pátria nunca
proclama,
Onde a ganância
faz cama,
Atrás de grandes
muralhas,
De quem faz
curso de canalha,
E se vende por
dinheiro...
Dando tudo pra’o
estrangeiro,
E ao nosso povo,
só migalha.
O Mundo que eu criei!
Não...
Não me olhem assim!
Como se o mundo que criei pra mim,
Fosse um mundo de ilusão!
Não me olhem assim!
Como se o mundo que criei pra mim,
Fosse um mundo de ilusão!
Não...
Não me olhem com olhar de pena,
Porque o teu olhar me condena...
A um viver sem coração!
Não me olhem com olhar de pena,
Porque o teu olhar me condena...
A um viver sem coração!
Sim... Criei um mundo pra
mim,
Sem ódio, sem rancor, sem rebeldia,
Feito de sonhos e de poesia...
De sentimentos e de comunhão,
Ande a vida e a paixão...
Não são metáforas, são reais,
E todos são tratados iguais,
No mesmo amor de um coração!
Sem ódio, sem rancor, sem rebeldia,
Feito de sonhos e de poesia...
De sentimentos e de comunhão,
Ande a vida e a paixão...
Não são metáforas, são reais,
E todos são tratados iguais,
No mesmo amor de um coração!
Neste meu mundo imaginário,
Feito de palavras e fonemas,
Onde os dias são poemas...
Escritos da forma mais pura,
Que alimenta a minha loucura,
Na singeleza dos versos,
Como se todo o amor do universo,
Imergisse de uma só criatura...
Feito de palavras e fonemas,
Onde os dias são poemas...
Escritos da forma mais pura,
Que alimenta a minha loucura,
Na singeleza dos versos,
Como se todo o amor do universo,
Imergisse de uma só criatura...
Criei meu mundo nos poemas,
Em cada verso já escrito...
Talvez não seja tão bonito,
Nem tenha o encanto da flor,
As vezes carregados de dor...
Porque a dor é parte da gente,
Que chora, que sofre e que sente,
Por um bem chamado de amor!
Em cada verso já escrito...
Talvez não seja tão bonito,
Nem tenha o encanto da flor,
As vezes carregados de dor...
Porque a dor é parte da gente,
Que chora, que sofre e que sente,
Por um bem chamado de amor!
Talvez seja essa loucura,
Que a alma guarda de jeito,
Que vem amargando o peito,
A boca seca, o olhar se derrama,
E o mundo vira num drama...
De sentimentos mal fadados,
Onde os amores resguardados,
Ardem no peito de quem ama.
Que a alma guarda de jeito,
Que vem amargando o peito,
A boca seca, o olhar se derrama,
E o mundo vira num drama...
De sentimentos mal fadados,
Onde os amores resguardados,
Ardem no peito de quem ama.
Não...
Não me olhem como um louco,
Nem queiram me fazer pouco,
Por eu ser apenas sentimento.
Nem queiram me fazer pouco,
Por eu ser apenas sentimento.
Sei...
Sei que há outro mundo diferente,
Onde a vida se ressente...
Nos impropérios de um tempo!
Sei que há outro mundo diferente,
Onde a vida se ressente...
Nos impropérios de um tempo!
Sim...sei que o mundo que
há em mim!
São entre quadro paredes...
Um lampião, um banco, uma rede,
Uma escrivaninha, um papel,
E um quadro azul de um céu,
Que adentra pela janela...
Um vazo com uma flor amarela,
E cortinas negras de um véu!
São entre quadro paredes...
Um lampião, um banco, uma rede,
Uma escrivaninha, um papel,
E um quadro azul de um céu,
Que adentra pela janela...
Um vazo com uma flor amarela,
E cortinas negras de um véu!
Nas mãos, restos de vida,
No olhos dor e lembrança,
Na alma uma eterna distância,
Que me separam dos normais,
Lá fora todos são iguais...
Aqui dentro, tempo e solidão,
E o desprezo ante a razão...
Dos que sonham sem ideais.
No olhos dor e lembrança,
Na alma uma eterna distância,
Que me separam dos normais,
Lá fora todos são iguais...
Aqui dentro, tempo e solidão,
E o desprezo ante a razão...
Dos que sonham sem ideais.
Grades trancando corpos,
Mas mentes com liberdades,
Aonde a pena da saudade...
Bailando numa folha branca,
Vai me soltando das trancas,
Na simplicidades dos versos,
Onde há um céu por universo,
Sem prisões e sem distância.
Mas mentes com liberdades,
Aonde a pena da saudade...
Bailando numa folha branca,
Vai me soltando das trancas,
Na simplicidades dos versos,
Onde há um céu por universo,
Sem prisões e sem distância.
Me prenderam como louco,
Mas não me tiraram a palavra,
Pois se há tanta mente escrava,
Do preconceito, da ignorância,
Semeando o ódio, a ganância,
Alimentando corpos insanos,
Pois loucos são os desumanos,
Que se escondem na arrogância!
Mas não me tiraram a palavra,
Pois se há tanta mente escrava,
Do preconceito, da ignorância,
Semeando o ódio, a ganância,
Alimentando corpos insanos,
Pois loucos são os desumanos,
Que se escondem na arrogância!
Eu nunca fiz mal a
ninguém...
Não sei, hoje, o que eu devo,
Só sei fazer o que escrevo...
São as razões dos meus dias,
Talvez minha única alegria,
Preso num templo dos loucos,
Sonhando, cada dia, um pouco,
Em mudar o mundo com a poesia!
Não sei, hoje, o que eu devo,
Só sei fazer o que escrevo...
São as razões dos meus dias,
Talvez minha única alegria,
Preso num templo dos loucos,
Sonhando, cada dia, um pouco,
Em mudar o mundo com a poesia!
Não...
Não me olhem com olhar de pena
Porque a vida me condena...
E eu vivo só de teimoso!
Não me olhem com olhar de pena
Porque a vida me condena...
E eu vivo só de teimoso!
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