quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Quando eu morrer!

Quando eu morrer, não chore!
Nem lamente a minha partida,
Lembra-te o que fui nesta vida,
E das coisas boas que eu já fiz...
Pois há um ditado que diz:
“A morte não vem em vão,
Quem deixa amor num coração,
Não morre parte pra viver, feliz”!

Quando eu morrer, não clame!
Nem fale dos momentos ruins,
Por certo não será o meu fim...
...que me fará um sujeito, melhor,
Lembra-te das minhas gotas de suor,
Lutando pra ser melhor cada dia.
Vivendo e dando vida à poesia,
Esqueças o que mundo faz de pior.

Quando eu morrer, sorria!
Com aquele sorriso encantador,
E lembra-te de quem semeou amor,
Pela inquietude dos versos...
Viajando em sonhos dispersos,
Nas folhas brancas de um papel,
Fez o seu mundo, o próprio céu...
Para ser lembrança no universo.

E quando virem as lágrimas...
Deixa que elas saiam...
Deixa que elas caiam...
No silêncio mais profundo,
Recolhido a paz deste mundo,
Eu estarei entre teus braços...
No mais afetuoso abraço,
Desse teu amor fecundo!

Lá onde estarei agora...
Estarão tantos junto comigo,
Os velhos e antigos amigos,
Que um dia já foram embora,
Talvez por ter chegado a hora,
(Se é que há hora, na outra vida),
Deixando lágrimas na partida...
De alguém que ainda chora!

Quando eu morrer, será assim!
Mescla de versos e de cantos,
Gotas de lágrimas e de prantos,
Mas sem grito e sem clamor...
Que cada um tenha a sua dor,
Na mais contrita oração...
Tendo vida na voz de um violão,
E na goela de algum cantador!

Pra que a noite fique pequena,
Quero cordeonas e guitarras,
E que seja uma noite de farra,
Com canha e tragos de vinho,
Pois não quero partir sozinho...
Sem ao menos uma despedida,
De alguma china atrevida...
Que foi feliz com meu carinho.

E na hora de fechar a campa,
Ponham, umas folhas em branco,
E um pasto verde do campo...
Juntos com tuchos de macega,
Quero juncos e pega-pega...
Grudados ao pano da bombacha,
Se a outra vida for buenacha...
Que a morte, logo me entrega.

Quero uma vez por ano...
Que todos lembrem de mim,
Mas não que seja o meu fim,
Pois estarei na eternidade...
Sentado no trono da verdade,
Tomando mate com Deus...
E deixando no peito dos meus,

Apenas a dor de uma saudade!

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