quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Quando me tornei Mãe!

A vida é sopro divino na boca dos sentimentos,
É luz de vela que apaga ao primeiro beijo do vento,
São carícias matutinas no âmago de cada ser...
Que descobre com o tempo, o quanto dói um perder!

Quando me tornei Mãe, foi assim!
Embalei nos braços, os sonhos que não eram só meus,
...amamentei no peito, que não tinha, a fome de uma boca faminta,
embalando os sonos mais profundo, sem me importar com o mundo,
vestindo de caricias as bochechas rosadas, com roupas e talcos...
afogando as palavras em linguagens sutis, que me acostumei,
pois eu me tornava a vida, na vida do amor que ganhei.

Sonhamos juntos, tantos sonhos, sonhados!
Tantos beijos roubados no afagar das retinas,
Imagens constantes de desenhos coloridos,
rebuscando palavras para adocicar as bocas,
de um amor crescente que se tornaria eterno,
tartamudeando caricias para enfeitar os dias...
na espera incontida de primaveras floridas...
alimentado num ventre, quarto de lua, crescente,
que mais parecia ser cheia.

Redescobri madrugadas para rondar o teu sono...
Tive ânsias e enjoos para não deixá-la sozinha,
Comi coisas estranhas para matar os desejos,
E sentia dentro de mim a vida que não era minha!

Dobrei os panos do tempo enxovalhados de amor,
pus talcos e mamadeiras...chupetas e pingentes...
e uma tiara de lua minguante para prender os cabelos,
esperando por aquele choro para ser vida na gente!

E veio o meu sorriso... a felicidade de todos nós...
mas as lâminas do destino são como felpas, na dor,
e a vida que brotava aos prantos sem saber porque vinha,
levava outra, sem pena, de nos deixar sem amor!

O sengue no lençol, a dor sem nem um choro...
As batidas sem compasso, sem saber porque paravam,
Enquanto olhos se espantavam, buscando qual a razão,
Ia calando um coração, deixando tantos que a amavam!
  
Quando me tornei Mãe, foi assim!
Descobri que em cada gesto que não fiz...
...em cada palavra não foi dita,
...em cada amor que calei,
...em cada beijo que não dei,
...em cada abraço que não quis,
são punhaladas que ficam rasgando a carne da gente,
sangrando em olhares perdidos na dor de uma saudade.

Larguei o mundo que tinha!
para me tornar o que não era...
E embalei nesses braços o amor que era nosso,
mesmo sabendo que o tempo, às vezes, se faz de louco,
e fica me enchendo os olhos de uma tristeza incontida...
com a imagem dela refletida, num par de olhos azulados!

Que culpa tem uma vida, se outra vida foi chamada?
Se a gente não escolhe o dia, pra morte se fazer presente?
talvez ao tempo, até entenda, as frases que vêm escritas,
e a sina que carregamos de cuidar o que é da gente!

A vida é sopro divino na boca dos sentimentos,
é luz de vela que apaga ao primeiro beijo do vento,
São carícias matutinas no âmago de cada ser...
que descobre com o tempo o quanto dói um perder!

Quando me tornei Mãe, foi assim!
Não escolhi...fui o escolhido!
Com o coração dividido, de uma chegada e uma partida,
entendi o preço da vida e a cruz que se carrega...
Mas Deus, Te olha e Te entrega,
Sem preguntar se é ao teu gosto,
Depois Te dá forças, Te Dá motivos...
E Sabe que enquanto tu permaneceres vivo,
terás muitos caminho para percorrer...

Enxugando as lágrimas e as tristezas que trago...
em cada sorriso em que teu olhar me revela...
eu tento, aos poucos, suportar essa ausência...
embora sabendo que há um vazio de espera.
E a vida se refaz pelos semblantes de mundo,
nostálgicos pesares em dois olhos sem brilho,
Recompus os caminhos de um Pai verdadeiro...
Quando me tornei Mãe, para ser vida,

na vida do meu filho!

Sem comentários:

Enviar um comentário