O
que a história não me contou...
O
que a vida sempre me negou,
Fatos
que hoje eu lamento,
Que
são dores, ressentimentos,
Fardos
pesados, que eu trago...
Quando
ao silêncio, indago,
Vendo
tanto ódio e maldade,
Que
chega a ser crueldade...
Dos
que se adonaram do pago.
Descobri que
esta gente...
Só conta um lado
da história,
Só contam os
feitos de glória,
De um passado
inconseqüente,
Que matou tantos
inocentes...
Em barbáries,
carnificinas,
Onde a ganância
malina...
Manchava a baldes de sangue,
Os campos deste
Rio Grande,
Da Velha Pátria
Sulina.
Rebusquei
n’algum retrato,
Que o tempo, já
amarelou,
E descobri que
quem lutou.
Não teve
história, nem fato,
Eram índios, negros
e mulatos,
Vivendo à beira
da fome...
Que forçados por
esses homens,
Com estrelatos
de Coronéis...
Estampavam o
ouro dos anéis,
E o peso de um
sobrenome.
Que de dentro
dos gabinetes,
Ou das estâncias
de luxo...
Se fingiam de
ser gaúcho,
Entre cupinchos
e mandaletes,
Que iam
reculutando ginetes...
Peões, escravos
e lavradores,
Que se dobravam
aos senhores,
Com promessa de
liberdade...
Numa mentira de
igualdade,
De
quem nunca conheceu valores.
Assim
ergueram bandeiras,
Com
suas pilchas de trapos,
Trastes
humanos, farrapos...
Resenhando
fronteiras,
Onde
a adaga cortadeira,
Ditava
a regra da vez...
Sangrados
mesmo que rês,
Na
crueldade das degolas,
Vendiam
a vida, por esmola,
Sem
entender o que fez.
Morreram pelas
coxilhas...
Qual um matungo
sem dono,
Atirados ao
triste abandono,
Como se não
tivessem família,
Sustentando a
saga caudilha,
Peleando de sul
a norte...
Só se entregavam
pra morte,
E a morte não
tem pena,
E infelizmente,
só condena,
Os que nasceram
sem sorte.
E a sorte que eu
me refiro,
É a simplicidade
de um berço,
Não sei se,
hoje, eu mereço,
Ter a Pátria que
admiro...
Se o mesmo ar
que respiro,
Faltou há tantos
dos meus...
Que a história,
podre, esqueceu,
Para contar suas
bravatas...
Desses caudilhos
de gravata,
Que se acham
maiores que Deus!
Sei que serei
condenado...
Pelo meu modo de
pensar,
Dos que só sabem
condenar,
Sem conhecer o
passado...
Tudo o que têm,
foi herdado,
Passados de Pai
pra filho...
Talvez, por eu
ser andarilho,
Que a vida
fez-me conhecer,
O que a história
tentou esconder,
Dos que chamamos
de caudilho.
Pois
o caudilhismo foi atraso,
Foi
morte e foi crueldade...
E
os que pelearam de verdade,
São
os esquecidos do acaso,
Sem
aurora e sem ocaso...
Num
tempo sem liberdade,
Num
mundo sem igualdade,
Vagando
diante as cancelas...
Ou
pelos barracos das favelas,
Nos
arredores das cidades.
Se, hoje, alguém
reclama...
Por um pedaço de
terra,
Talvez sejam os
netos da guerra,
Que Pátria nunca
proclama,
Onde a ganância
faz cama,
Atrás de grandes
muralhas,
De quem faz
curso de canalha,
E se vende por
dinheiro...
Dando tudo pra’o
estrangeiro,
E ao nosso povo,
só migalha.
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