quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Pra quem faz Pátria de acavalo!

Boceja um sol de agosto,
sobre a quincha do rancho,
Baetando aba dum poncho,
Num mundo, fundo de posto,
Tem olhos de contragosto,
Na manhã que mostra a cara.
Lá donde o tempo não para...
Talvez por ser andarilho,
Terrunho mapa que trilho,
Por entre barro e taquara.

Silêncio quebrado a canto,
No bico afiado dos galos...
Que sincronizam os estalos,
Do graveto, no mesmo pranto,
O mundo em que me garanto,
Que é escola a donde estudo,
Um par de esporas goeludos,
Talvez cansadas de tê-los...
Vão mordendo couro com pelo,
Das paletas dum culmilhudo.

É bruxa a lida de um taura...
Nas madrugadas terrunhas,
Tirando o barro, das unhas,
E felpas de algum palanque,
Antes que o dia se abanque,
Já está lidando co’s malos...
Trazendo o corpo no embalo,
De um bocudo que de pega,
E por maula não se entrega,
Gritando: forma cavalos.

Pra um domingo de agosto,
Geada bordando o macegal,
Dançando o mesmo ritual...
Do campo, fundo de posto,
O minuano que traz por gosto,
Alguns versos desafinados...
Bordoneando nos alambrados,
Retintando, nas pontessuelas,
Quem sabe restos de estrelas,
Pra meus olhos tresnoitados.

O galpão é templo sagrado
Aonde o taura busca a reza,
Comungando com quem preza,
Num mate bem encilhado...
E Deus Mateando à meu lado,
Porque Ele sabe o que tenho,
Do Santo chão donde venho,
A fé faz parte da vida...
Só me guardando na lida,
Neste Rio Grande Sureño.

O mouro, campeando o rastro,,
Fica bombeando a coxilha...
Rebuscando nas maçanilhas,
A liberdade dos pastos...
Ouvindo o versos dos bastos,
De “coscojas” e nazarenas...
E um pala branco que acena,
Sob as abas de um chapéu
Campeando o azul do céu,
Nos olhos de uma morena.

E é bem lá depois do passo...
Na volta de um corredor,
O Mouro sabe o parador,
E todas as voltas que faço,
Quando o calor de um abraço,
Banhando a águia de sanga,
Traz o aromas das pitangas,
E de amoras amadurecidas,
Como amarrando-me pra vida,
Com abraços de japecangas.

Nunca precisei de mapas...
Para saber por onde ando,
Pois quem nasceu gauderiando,
Levando a vida aos tapas...
Nunca precisará de mapas,
Traçados por convenções...
Porque a lei dos galpões,
De quem já nasceu liberto,
É saber o caminho certo,
Sem se dobrar aos padrões.
  
Não sei viver doutro jeito,
Sem a liberdade que tenho,
Sem esse amor ferrenho...
Que pulsa dentro do peito,
Talvez seja o meu defeito,
De nunca empinar o nariz,
Pois muita gente, me diz,
E não me importa escutá-los,
Só tenho a China e um cavalo,

E me basta, pra ser feliz!

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