Boceja um sol de agosto,
sobre a quincha do rancho,
Baetando aba dum poncho,
Num mundo, fundo de posto,
Tem olhos de contragosto,
Na manhã que mostra a
cara.
Lá donde o tempo não
para...
Talvez por ser andarilho,
Terrunho mapa que trilho,
Por entre barro e taquara.
Silêncio quebrado a canto,
No bico afiado dos
galos...
Que sincronizam os
estalos,
Do graveto, no mesmo
pranto,
O mundo em que me garanto,
Que é escola a donde
estudo,
Um par de esporas
goeludos,
Talvez cansadas de
tê-los...
Vão mordendo couro com
pelo,
Das paletas dum
culmilhudo.
É bruxa a lida de um
taura...
Nas madrugadas terrunhas,
Tirando o barro, das
unhas,
E felpas de algum
palanque,
Antes que o dia se
abanque,
Já está lidando co’s
malos...
Trazendo o corpo no
embalo,
De um bocudo que de pega,
E por maula não se
entrega,
Gritando: forma cavalos.
Pra um domingo de agosto,
Geada bordando o macegal,
Dançando o mesmo ritual...
Do campo, fundo de posto,
O minuano que traz por
gosto,
Alguns versos desafinados...
Bordoneando nos
alambrados,
Retintando, nas
pontessuelas,
Quem sabe restos de
estrelas,
Pra meus olhos
tresnoitados.
O galpão é templo sagrado
Aonde o taura busca a
reza,
Comungando com quem preza,
Num mate bem encilhado...
E Deus Mateando à meu lado,
Porque Ele sabe o que
tenho,
Do Santo chão donde venho,
A fé faz parte da vida...
Só me guardando na lida,
Neste Rio Grande Sureño.
O mouro, campeando o
rastro,,
Fica bombeando a
coxilha...
Rebuscando nas maçanilhas,
A liberdade dos pastos...
Ouvindo o versos dos
bastos,
De “coscojas” e
nazarenas...
E um pala branco que
acena,
Sob as abas de um chapéu
Campeando o azul do céu,
Nos olhos de uma morena.
E é bem lá depois do
passo...
Na volta de um corredor,
O Mouro sabe o parador,
E todas as voltas que faço,
Quando o calor de um
abraço,
Banhando a águia de sanga,
Traz o aromas das
pitangas,
E de amoras amadurecidas,
Como amarrando-me pra
vida,
Com abraços de japecangas.
Nunca precisei de mapas...
Para saber por onde ando,
Pois quem nasceu
gauderiando,
Levando a vida aos
tapas...
Nunca precisará de mapas,
Traçados por convenções...
Porque a lei dos galpões,
De quem já nasceu liberto,
É saber o caminho certo,
Sem se dobrar aos padrões.
Não sei viver doutro
jeito,
Sem a liberdade que tenho,
Sem esse amor ferrenho...
Que pulsa dentro do peito,
Talvez seja o meu defeito,
De nunca empinar o nariz,
Pois muita gente, me diz,
E não me importa
escutá-los,
Só tenho a China e um
cavalo,
E me basta, pra ser feliz!
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