quarta-feira, 2 de agosto de 2017
Janelas Quebradas!
“Nunca deixe uma janela quebrada”,
Era um dos conselhos da minha avó!
Só depois de muito tempo pude compreender,
pude entender que o ato de uma janela quebrada,
é que esconde a vida que habita em seu interior!
A insegurança que paira diante aos olhares...
onde casas taperas adormecem com janelas quebradas,
inertes ao silêncio de um corpo sem vida,
sufocadas na presença de um olhar sombrio.
...porque janelas são olhos abertos em corpos frios,
por onde adentram ludibries fachos de luz
sombreando o tempo na solidão do nada,
com imagens sem vida, sem forma e sem cor!
O mundo que vive ante a janela, parece não viver!
O silêncio misturado ao pó...
As aranhas sorrateira tecendo cortinas velhas...
As folhas secas beijando a felpa das tábuas...
A ferrugem dos pregos desenhando formas...
As gotas do tempo enxovalhando frestas...
A cantiga do vento a gritar nas portas...
Numa metamorfose de linguagem louca,
Que adentra a alma na solidão vazia...
Sem tempo...sem espaço...sem razão!
Feitiços alucinados silenciando bocas,
sedentas de palavras para ninguém ouvir,
dançando com roupas brancas...
com imagens deformes e de olhar pagão,
que habitam a mente de incrédulos loucos,
em fascínios alucinógenos de um viver fugaz,
rabiscando intrigas num bailar sem som,
rangendo nas tábuas orquestrando o vazio!
Hoje entendi as sábias palavras da minha avó:
Que os olhos são janelas que espelham a alma,
E quando quebrados, espelham o nada...
Imagens perdidas no confissão de um fim,
que guardam o tempo sem valor nenhum,
E escondem espaços de interiores cavos,
Onde habitam assombros sem sombra comum!
Nós somos espaços, aconchegos de amigos,
grandiosos de encantamentos, de luz e de amor,
onde a vida se renova a cada palavra...
E a verdade tece suas cortinas de rendas,
alimentando olhares ternos em corpos de vida!
Somos imagens...somos espaço...somos sonhos!
Onde habita um coração de amor...
...sem sombras...sem ferrugem...sem folhas mortas,
Cansado, muitas vezes de gritar em vão...
Petrificado nas sobras vivas de um amor cruel.
Minha avó, em suas palavras, me ensinou:
Que o tempo passa...
Que os sonhos envelhecem...
Que os pregos enferrujam...
Que sempre haverão aranhas para tecer teias...
Que o vento é um poeta a recitar versos...
E que as janelas são espelhos a refletir a alma.
Que vivemos das sombras que criamos...
Que amamos com as verdades que inventamos...
Que somos parte de um todo, onde um todo é parte de nós!
E assim viveremos...e assim morremos...
Tendo janelas abertas para passar a vida,
Para alimentar os sonhos...
Para fomentar o amor!
Por isso nunca deixe uma janela quebrada,
onde possam habitar seres incompletos...
massificados na solidez do pó!
Porque somos vida e dela fazemos os sonhos,
encantamos olhares e distribuímos amor!
Amor que não resiste viver na solidão,
E nem juntando os cacos de uma Janela quebrada!
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