Se o tempo me entropilhou
de anos?
E as lembranças são potros
ariscos
Que me castigam a memória,
E vão resvalando pelo
folhar dos dias,
Amarelando os meus sonhos
e o jeito de ser.
Que mundo é esse que me
faz sofrer,
Que me faz chorar...que me
faz sentir...
Se eu sempre achei o
chegar dos anos,
Seria o tempo de um viver
feliz.
Me restaram angústias e
saudades boas,
O gosto amargo de um viver
tão só...
Porque o mundo de hoje,
não é meu mundo,
Não é o meu tempo, não é
feliz!
Sinto falta dos pés
descalços na terra molhada,
Do cheiro do campo, da
calmaria dos matos,
Dos sois de janeiro, dos
frios do inverno...
Do silencio das noites, em
véus de luar...
Dos cavalos encilhas, as
carreiras de piá.
As carretas rangindo ao
tranco dos bois,
O cheiro das flores no
beiral dos caminhos,
As aguas corrente das
sanguinha de pedra,
E o berro do gado
acordando as manhãs.
Mundo que era meu e dos
meus sonhos,
Das estancias compridas
até o pé da figueira,
Tropas inteiras que mal
cabiam em mim...
Com gados silentes
adormecidos no pó.
Que mundo é esse em que eu
vivo...
Se me falta o sorriso, a
palavra de afeto,
O abraço que eu tive no
colo dos avós...
E as brincadeiras de rodas
e luzeiros e vaga-lumes.
As camas de bastos e pelegos
macios...
O fogo de angico chorando
ao picumã,
E cheiro das manhãs nos
ranchos de maria mol.
Me trancaram num tempo...
Que dizem ser moderno,
Onde tudo o que preciso
não existe pra mim,
As pessoas não riem...as
pessoas não choram...
As pessoas fingem...e
fingir me faz mal.
Sei que sou de outro
tempo...
Em que um abraço curava a
dor,
E um sorriso era a forma
mais doce,
De se falar de amor...
E quando pegava-se na
mão...
Ou apenas um olhar
roubado,
Já eram sonhos,
enamorados,
Na inocência de ser feliz...
De ser amante, de ser
amado,
E adormecer com olhos
encharcados,
Nas esperança de um outro
porvir.
A gente cresce pra o
mundo,
E o mundo nos leva
daqui...
E tudo o que parecia
distante,
Impossível...
Torna-se fútil, pequeno e
sem raiz.
Porque os amigos não são
tão amigos...
Porque os amores, não são
mais amores,
Porque os que amamos,
também partem,
E nós passamos pelos
fiapos do tempo,
Carregando lembranças e
saudades...
Angústias e tristezas,
esperas e partidas.
E agora que o tempo
branqueou-me os cabelos,
Encurtando-me o passo,
embaçou-me os olhos...
diminuindo a voz...
Já não grito com os bois
na vergas,
Já não ando a passos
largos...
Já não tenho mais sonhos
moços,
Vivo por viver...
na esperança incontida de
rever amores,
de encontrar os meus...
todos que sentiram o que
sinto aqui,
mas me deixaram no tempo,
com a tristeza e a saudade...
porque sabiam que a gente
morre,
quando nos tiram as
vontades...
para ser apenas mais um
corpo, sem verdade,
num tempo que nunca chega
ao fim!
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