Um ramalhete de flores,
Só um gemido de vento,
Latejando na pedra fria,
Rolam duas lágrimas vazias,
Entre orações e perguntas,
A duas Mãos que se juntam,
Clamando a fé dos seus
dias.
Na lápide, a simples
inscrição,
Carregada de peso e dor:
- "Aqui
jaz, Maria Flor",
Flor mais nova de outra
Maria,
Que viu a sua vida
vazia...
Perdida pelas distâncias,
Afogada na dor da
lembrança,
Que vem matando seus dias.
No rancho de chão batido,
De pau a pique e santa fé,
Dona Maria e seu José...
Davam, ao mundo que sonhava,
A felicidade da vida que levava...
No sorriso da menina
sapeca...
Que brincava com sua boneca,
E as pedrinhas que
juntava.
No seu mundo imaginário,
Criado a sombra do
arvoredo,
Maria Flor contava
segredos,
Nos seus brinquedos de
criança,
Sem se importar com a
distância,
Que um dia, ao tempo
descobre...
Nos sonhos da menina
pobre...
Só o que recebera de
herança.
E as pedras foram às
parceiras,
Para os brinquedos
imaginários,
- de pedras, fazia
rosários...
Para as orações à
tardinha,
E quando sentia-se
sozinha...
Polindo sonhos inocentes,
As pedras estavam
presentes,
Pelas fortunas que tinha!
Quando a Mãe ia pra sanga,
Lavando roupas, pra
fora...
Maria Flor não via a hora,
De chegar junto à
barranca,
Juntando pedrinhas brancas,
De tons e formas
diferentes,
Umas com imagens de gente,
Outras com imagens de
Santa.
Jogava seus sonhos na
água,
No mergulhar das
marrequinhas,
E em cada pedra que
tinha...
Guardando mais que desejo,
Que ela trocava por
beijos,
Na sua inocência de criança,
Guardadas, como lembrança,
De algum mascate, andejo.
Maria flor, se fez moça...
E os sonhos cresceram
mais,
Vendo o mundo dos Pais...
Tão pequeno e tão sofrido,
Talvez não tenha
entendido,
Num coração sem maldade,
Que há um mundo de
falsidade,
Num outro mundo esquecido.
Buscou o rumo do povo...
Dos arranha-céus, da
cidade,
Lá onde os olhos da
maldade,
Rondam pessoas carentes...
Trazendo sonhos,
inocentes,
Enfeitados em cenas de
novelas,
E o tempo foi mostrando a
ela...
Um mundo que não é pra gente.
Conheceu o mundo dos
livros!
Conheceu amigos no
colégio,
Conheceu alguns
privilégios...
Deste mundo abarbarado,
Que, às vezes, cobra
dobrado,
O que a vida nos dá de
esmola,
Buscando na porta da
escola,
O Inocente a ser
condenado!
Pois a curiosidade é mais
forte,
Na vida maula, que
medra...
Diante da primeira pedra,
Do primeiro fio de fumaça,
E a droga exposta de
graça,
Dizimando corpos inteiros,
Terminando sonhos
derradeiros,
Pelos cemitérios das
praças.
Maria flor conheceu a
pedra,
Mas não aquela, que
queria,
Viu que sonho e
rebeldia...
Não são filhos da mesma
sorte,
A droga sempre é mais
forte...
Corroendo mentes vazias...
E deixando almas sombrias,
Inertes a lâmina da morte.
E a menina sonhadora...
Tinha um mundo pela
frente,
Perdera tudo de repente,
Na vida triste e vazia...
Enquanto a droga consumia,
Na podridão deste limbo,
Matando a cada cachimbo,
A esperança que havia!
É a Mãe que hoje chora...
Sobre uma lápide de pedra,
A meses que não arreda...
Junto ao túmulo da
filha...
O olhar triste, não brilha,
No peito, um talho de
dor...
Mirando a Pedra e a flor,
Foi o que restou da família!
Sem comentários:
Enviar um comentário