quarta-feira, 2 de agosto de 2017

A casa da rua treze!

Era uma casa simples...
...simples quais os meus sonhos!
A casa era pequena...
Branca com a palidez da luz cheia,
que adormecia sonolenta sobre o arvoredo,
e despejava luzes coadas de esperança,
por entre as frestas das janelas toscas.
As peças quentes, de calor humano
e um fogão antigo de boca enferrujada.
Uma varanda com sua cadeira de balanço,
onde adormeciam sonhos e incertezas...
e balançavam as horas mais calmas,
quando o tempo pedia um tempo para a vida.
Na cozinha, tinha o cheiro do café passado,
e biscoitos amaciados nas mãos da Mãe velha,
e cortinas floreadas que esculpiam janelas,
e banco de três pés onde eu via a dança das lavaredas.
(cortinas de sedas bailando na melodia dos gravetos)
E alimentando meus olhos de menino sonhador.
Nas manhãs de primavera, enquanto o sol...
...de olhos dourados, enfeitam as paredes velhas,
Eu ouvia os passos apressados no sapatear das ruas,
senhores de trajes engomados e chapéus brancos...
senhoras de vestidos finos e bolsas negras...
meninos de bermudas e tirantes...
e moçoilas de saias azuis e camisas floridas.
Ah!... Que saudade da casa da rua treze!
Ali ergui os meus sonhos...
...sonhos de menino pobre,
...de jeito moleque,
...de olhar sorrateiro.
O Pátio varrido pelos ventos norte,
era cama para as bolitas de gude,
para o bola de meias...
para os brinquedo de piá.
A calçada da frente, com suas pedras irregulares,
desenhava a esperança para as meninas sapecas,
que brincavam de bonecas e pulavam amarelinha,
Enquanto recebiam caramelos, dos que passavam,
na calmaria do tempo, para retocar os bigodes...
para olharem as vitrinas das boutiques da rua treze.
A cidade crescia...a rua treze crescia.
As casas ficam velhas e outras casas nasciam.
Mas os Homens de brilhantina e cheiro de extrato,
ainda desciam, com bigodes pontudos...
e moças com seus coques e saias longas,
desfilavam admirando lambretas e charretes,
entre carros buzinas estranhas e ronco estremecido.
O Banco do Comércio...
A alfaiataria do seu Alfeu...
A intendência com discursos longos...
A Escolinha do Afonso Rodrigues...
Tudo ficava perto das casas da rua treze.
O tempo passou!
Os meninos cresceram!
As meninas são Mães e avós.
Mas a casa da rua treze continua lá,
guardando o tempo nos velhos retratos,
nas paredes carcomidas...
de sonhos desabados...
de esperança sem espera.
E as pessoas esqueceram que a vida,
é o alimentos dos sonhos, das lembranças,
das certezas que por mais que envelhecemos,
por mais que mudamos, nosso tempo,
nossa história, nosso mundo, ainda vive
nas paredes frias de uma casinha na rua treze!
Era uma casa simples...
...simples quais as lembranças que carrego,
e, hoje, tento passar aos meus netos!

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