Onde palanqueia-se o
verso,
E se reúnem os
dispersos...
Que vivem de pingo alçado,
E vão fazendo seu legado,
Na forma xucra da rima,
Com tento e trança de
crina,
E as sete dentes atadas,
Mordendo as almas judiadas,
Por essas noites brasinas.
É santuário dos
declamadores,
Senhores da pampa
eterna...
Onde a palavra que vos
governa,
Tem força de outros
valores...
Onde não cabem os
senhores,
Que se ostentam de
bravatas,
Velhos caudilhos de
gravatas,
Alheios ao mundo que
busco,
Que se aproveitam do
lusco-fusco,
Para encher as burras, de
prata!
Esteio sempre será esteio,
Firmando a quincha e o
teto,
Do Santo chão predileto...
Onde a guitarra faz
floreio,
Pr’um verso, um trago, um
carteio,
Desses senhores da pampa,
Que trazem na sua estampa,
Da velha Pátria
continentina,
Esse amor que jamais
termina,
Mesmo fechando sua campa.
Tenho um esteio cravado,
Sustentando as coronárias,
De uma alma relicária...
De quem já foi safenado,
Tirou um pedaço sagrado,
Para dar espaço pros
versos,
Pois sei que não me
despeço,
Nem com reza e água benta,
Nem a força de mil
tormentas,
Me tirarão deste universo.
A todos aqueles que
trazem,
A essência dos
campejanos...
No velho torrão aragano...
Lá adonde fazem paragem,
Desenhando a própria
imagem,
Pelas folhas dos
cadernos...
Num verso que será eterno,
Para os que vivem do
arreio,
Cortando o Rio Grande ao
meio,
Pelos confins dos
invernos.
Por isso, hoje, eu me
achego,
Nalgum galpão fumacento...
Trançando tento por tento,
Atirado sobre um pelego...
A donde encontro sossego,
Para guitarrear os
sentimentos,
Buscando na pauta dos
ventos,
As notas que ainda me
falta,
Porque minha alma se
exalta,
Com as cordas e seus
lamentos.
Nesse santuário das rimas,
Pregadas junto a um
esteio.
Cabedais do mundo alheio,
Vão talhando obras primas,
Que os literatos da
esgrima,
Talvez condenem sua forma,
Pois onde não cabem
normas,
Nem regras, nem
preconceito,
Só quem tem alma no peito,
Sabe o valor que lhe
informa.
Enquanto existir espaço...
E o picumã de um galpão,
Vamos esporeando a
solidão,
Levando a grito e
pelegaço,
Pois quem escora no braço,
E traz as lições de
Caetano...
Não basta só ter tuitano,
Para enfrentar as mazelas,
E possa furar essa
penela...
Onde cozinham desenganos.
Talvez até falte o respeito,
Pr’os que pensam igual à
mim,
Pois se Deus me fez
assim...
Talvez seja o meu defeito,
Ter o pampa por direito...
E um pingo alçado no
freio,
Pois nunca faltará rodeio,
Pra quem tem tropa em
porfia,
E vai sorvendo a poesia...
Calçado à sombra do esteio!
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