Vinha trazendo uma coplita...
...dessas em tons de saudade!
Fundo de posto de estância,
Onde castigam as tardes...
A coscoja em contraponto,
Prosa de tentos e bastos...
E duas esporas resmungonas,
Mascando tuchos de pastos.
Foram semanas de estrada...
...de poeira, chuva e mormaço,
Culatrando tropas alheias...
Levando a alma em pedaços.
Mas, hoje, voltando ao rancho,
Tranqueando a mesma solidão,
Trazendo uma rosa no jaleco...
E uma Maria no Coração.
O zaino tranqueando inquieto...
Orelhas de tesouras, finas,
Apontam a um fundo de posto,
Lá, adonde a estrada, termina,
Bem onde despediu-se à dias...
Num rancho quase tapera,
Deixando os olhos de Maria,
E a saudade fazendo espera.
Uma copla quebra o silêncio,
Numa milonguita buena...
Talvez saudade de um rancho,
Talvez saudade da morena.
Talvez a espera incontida...
Que pela garganta se solta,
Trazendo um gosto de vida,
Trazendo achegos da volta.
Pedro Velho era um desses...
Com olhos claros de céu,
De barba e melenas brancas,
Quincha copada, de um chapéu.
E um paiñuelo esbranquiçado,
Que já fora branco um dia...
Quando num farrancho no povoado,
Conheceu a prenda Maria.
Morena de olhos grandes...
Cabelos de noite escura,
Sorriso de lua minguante...
Aroma de campo em formosura.
Delicada como as flores raras,
que se escondem nos varzedos,
dessas que o coração dispara,
Por guardar sonhos e segredos.
Pedro Maula... Pedro Taura...
Estampa torena da raça...
Conhecido pelas estâncias,
Pelos entreveros na fumaça,
Dois braços, toras de angico,
Corpo forte e olhos de bicho,
Depois da palavra empenhada,
Não recuava nem por capricho.
Mas mudara com o tempo,
Depois de conhecer Maria,
Dera um rancho, mesa farta,
Catre quente pras noites frias.
E os passeios pelos bolichos,
E carícias, domingueiras...
Esqueceu outros cambichos,
Para amá-la a vida inteira.
....de longe avistou o rancho,
No fundo um pingo encilhado,
Um silêncio retrucando a alma,
e no peito, um coração apertado.
Chegou de esporas caladas...
Porque uma dor lhe pressentia,
E já com a porta entre aberta,
Ouviu os murmúrios de Maria.
Num catre feito pra os dois...
(Para as noites frias de agosto)
E em orgia, ela, se deleitava...
Com outro marcando o seu posto.
A adaga, de lâmina afiada...
Um trinta a pular na cintura,
Mil imagens a provocar justiça,
E um Cristo a olhar-lhe, na moldura.
Saiu do jeito que entrara,
Num silêncio de contrição...
E a copla que era de saudade,
Veio milonguear num coração...
Com o peito sedento de dor...
Boca tremendo aos caninos,
Pagaria a honra com sangue,
....pra depois viver como assassino.
Quem vive no mundo, liberto,
Teria vida entre as grades?...
Será que alguém merece a morte?
Será que isso é amor de verdade?
Campeou o rumo do bolicho...
E já chegou arrastando esporas,
Uma guitarra milongueava notas,
Pra uma alma doída, que chora.
Ah! O que a vida faz a um homem!
Fechado, em sua dor, escrava...
Entrou rumando ao balcão...
Sem dizer ao menos uma palavra.
Apontou pra um litro de canha...
Largando as platas, na beira...
Montou novamente no pingo,
E sumiu, lenço abanando, na poeira.
Pedro Maula... Pedro Taura...
Pedro bicho... Pedro pedra...
Um Pedro vida, na morte...
Um Pedro morto, se quebra.
E o corpo esvaído em sangue,
Por não encontrar outro jeito,
Buscou um final tão triste...
Com um balaço no peito.
Ficaram: - o zaino pastando...
- a cuscada chorando a sua morte,
- a noite milongueando ausências,
Nas coplas de um vento norte...
Um corpo estirado no campo,
E campeiros tentando entender,
Com alguém tira a própria vida,
Sem ao menos dizer: porquê?
...dessas em tons de saudade!
Fundo de posto de estância,
Onde castigam as tardes...
A coscoja em contraponto,
Prosa de tentos e bastos...
E duas esporas resmungonas,
Mascando tuchos de pastos.
Foram semanas de estrada...
...de poeira, chuva e mormaço,
Culatrando tropas alheias...
Levando a alma em pedaços.
Mas, hoje, voltando ao rancho,
Tranqueando a mesma solidão,
Trazendo uma rosa no jaleco...
E uma Maria no Coração.
O zaino tranqueando inquieto...
Orelhas de tesouras, finas,
Apontam a um fundo de posto,
Lá, adonde a estrada, termina,
Bem onde despediu-se à dias...
Num rancho quase tapera,
Deixando os olhos de Maria,
E a saudade fazendo espera.
Uma copla quebra o silêncio,
Numa milonguita buena...
Talvez saudade de um rancho,
Talvez saudade da morena.
Talvez a espera incontida...
Que pela garganta se solta,
Trazendo um gosto de vida,
Trazendo achegos da volta.
Pedro Velho era um desses...
Com olhos claros de céu,
De barba e melenas brancas,
Quincha copada, de um chapéu.
E um paiñuelo esbranquiçado,
Que já fora branco um dia...
Quando num farrancho no povoado,
Conheceu a prenda Maria.
Morena de olhos grandes...
Cabelos de noite escura,
Sorriso de lua minguante...
Aroma de campo em formosura.
Delicada como as flores raras,
que se escondem nos varzedos,
dessas que o coração dispara,
Por guardar sonhos e segredos.
Pedro Maula... Pedro Taura...
Estampa torena da raça...
Conhecido pelas estâncias,
Pelos entreveros na fumaça,
Dois braços, toras de angico,
Corpo forte e olhos de bicho,
Depois da palavra empenhada,
Não recuava nem por capricho.
Mas mudara com o tempo,
Depois de conhecer Maria,
Dera um rancho, mesa farta,
Catre quente pras noites frias.
E os passeios pelos bolichos,
E carícias, domingueiras...
Esqueceu outros cambichos,
Para amá-la a vida inteira.
....de longe avistou o rancho,
No fundo um pingo encilhado,
Um silêncio retrucando a alma,
e no peito, um coração apertado.
Chegou de esporas caladas...
Porque uma dor lhe pressentia,
E já com a porta entre aberta,
Ouviu os murmúrios de Maria.
Num catre feito pra os dois...
(Para as noites frias de agosto)
E em orgia, ela, se deleitava...
Com outro marcando o seu posto.
A adaga, de lâmina afiada...
Um trinta a pular na cintura,
Mil imagens a provocar justiça,
E um Cristo a olhar-lhe, na moldura.
Saiu do jeito que entrara,
Num silêncio de contrição...
E a copla que era de saudade,
Veio milonguear num coração...
Com o peito sedento de dor...
Boca tremendo aos caninos,
Pagaria a honra com sangue,
....pra depois viver como assassino.
Quem vive no mundo, liberto,
Teria vida entre as grades?...
Será que alguém merece a morte?
Será que isso é amor de verdade?
Campeou o rumo do bolicho...
E já chegou arrastando esporas,
Uma guitarra milongueava notas,
Pra uma alma doída, que chora.
Ah! O que a vida faz a um homem!
Fechado, em sua dor, escrava...
Entrou rumando ao balcão...
Sem dizer ao menos uma palavra.
Apontou pra um litro de canha...
Largando as platas, na beira...
Montou novamente no pingo,
E sumiu, lenço abanando, na poeira.
Pedro Maula... Pedro Taura...
Pedro bicho... Pedro pedra...
Um Pedro vida, na morte...
Um Pedro morto, se quebra.
E o corpo esvaído em sangue,
Por não encontrar outro jeito,
Buscou um final tão triste...
Com um balaço no peito.
Ficaram: - o zaino pastando...
- a cuscada chorando a sua morte,
- a noite milongueando ausências,
Nas coplas de um vento norte...
Um corpo estirado no campo,
E campeiros tentando entender,
Com alguém tira a própria vida,
Sem ao menos dizer: porquê?
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