...para refazer tecidos, na calmaria das eras.
E a vida boa, que foi colcha de retalhos,
Retrucou o tempo por se sentir taperas.
Meus olhos verdes de semblantes tesos,
se desgastaram e na escuridão de mim,
E as rugas fartas foram talhando a fronte,
Replantando sonhos pra chegar ao fim!
Assim foram os meus dias:
- de sonhos e de saudades!
Dias vividos numa infância pobre,
Pés descalços... olhos ligeiros...sorriso franco.
Os medos que atormentam os meus sentidos,
Temor de uma infância que não voltasse jamais!
E ela foi...e não voltou.
Cresci como crescem as crianças:
- arteiras, a ziguezaguear o tempo.
- peraltas, a brincar solito,
- levadas, a inventar um mundo,
simples e cativas a sonhar assim.
A estradas de pedras, de poeira e grama...
As águas correntes de um sanga rasa...
As sombras copadas de jasmineiros livres...
E as fumaças brancas das chaminés altas,
Ainda vivem a remoer lembranças...
que se confundem em mim.
O bolo de milho e o pão de forno...
O cuscuz quente a queimar-me os dedos.
O cheiro do café a borbulhar na chapa,
Nas tardes lindas a me contar segredos.
Como pode a gente viver assim?
Lembranças antigas a nos cortar em tiras,
,,,um coração que foi doce, vai chegando ao fim,
Cansou da espera, enquanto a roda gira.
Dói a incerteza que o tempo revela,
Tantas partidas e saudades guardadas,
O rancho pobre de uma riqueza infinda...
Hoje é um retrato, à emoldurar ao nada!
E aqueles que habitaram o meu sonho criança,
Também partiram sem nenhum adeus...
Profundos pesares deste sonho peregrino,
Que habita um peito à solidão dos meus.
Retalhos de infância, ah! se pudesse tê-los...
Costuraria de cada parte ausente...
abrigo para esta alma fria...
Que morre aos poucos longe da minha gente.
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