Em que nós, mulheres,
fomos acorrentadas
ao tempo, aos sonhos, a um
mundo de desencantos,
de tristeza, de
inferioridade.
A mulher, apesar de sua
grandeza interior,
de dar vida a outras
vidas, de alimentar em nossos seios
a fome dos filhos e de
filhos que não eram nossos...
víamos a vida passar, pela
clausura de um mundo escuro,
sem forças, sem caminhos,
sem esperança, sem cor...
E a dor do dia a dia, a
humilhação para sermos menor
do que somos, de sermos
vistas como objeto de luxúria
e prazer, servindo apenas
para a procriação do mundo,
como fêmea parideira para
o orgulho de varões e coronéis.
Fomos sim...
Submissa a conceitos
inúteis, escravas do preconceitos,
Mulheres que pensavam pela
cabeça do outros,
que só tinham o “sim” como
resposta.
Filhas exemplares...
esposas submissas...
amantes
inveteradas...trabalhadoras sem pagamentos:
- cozinheiras, lavadeiras,
passadeiras, parideiras...
Obedecendo a uma sociedade
hipócrita, nojenta e machista,
...que viam numa figura
meiga, linda, angelical, a imagem da fraqueza,
onde
depositavam a sua soberba e seu ódio,
e seus olhares chicoteados
de rancores e obsessões.
Fomos sim...mas não somos
mais!
Não somos mais mulheres
acorrentadas nesse passado fúnebre,
que nos envergonha, que
nos chicoteia em pensamento loucos,
que nos escravizavam aos
medos, ao preconceito e a tristeza.
Somos Mulheres valentes,
que amantamos sim...
que parimos, sim...
que trazemos vida ao mundo
por amor e por amar...
Por ver num filho a
esperança de um tempo novo.
Fomos a luta...lutamos!
Vamos a cama...amamos!
Sorrimos, choramos, amamentamos...
Porque somos melhores,
somos grandes, somos fortes!
Nos fizeram crer que somos
uma costela de um tal de Adão,
Para não dizerem do somos
coração, somos alma e sentimentos,
...força interior que se
agiganta, que fascina, que ama e sonha,
que acalma e ensina,
que aconchega e que traz vida.
Somos Mãe...somos
filhas...somos mulheres...
...e tiramos as correntes, abrimos os cadeados,
enxergamos a vida e vimos a liberdade.
...porque lutamos por ela
e conquistamos!
E as lágrimas que hoje
derramamos, são de amor,
são de vida... são de verdades.
Chega de dor!
chega de amar, sem receber
amor...
chega de somente dar, sem
nada receber...
Chega...simplesmente
chega!
Não somos corpos frágeis
que se quebram ao primeiro toque,
...que se escondem ao
preconceito.
Que se humilham...
Que são açoitadas por
olhares infames...e choram!
...que se abatem ao
primeiro não.
...que se calam à primeira
esgrima.
Não!
Nós somos bem mais
que tudo isso...
Porque vencemos:
- vencemos
a vida...vencemos o tempo...
...e vencemos o preconceito
de seres bestiais,
que se fizeram às custas, de mulheres acorrentadas!
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