quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Mulheres Acorrentadas!

 Houve um tempo, sim...
Em que nós, mulheres, fomos acorrentadas
ao tempo, aos sonhos, a um mundo de desencantos,
de tristeza, de inferioridade.

A mulher, apesar de sua grandeza interior,
de dar vida a outras vidas, de alimentar em nossos seios
a fome dos filhos e de filhos que não eram nossos...
víamos a vida passar, pela clausura de um mundo escuro,
sem forças, sem caminhos, sem esperança, sem cor...

E a dor do dia a dia, a humilhação para sermos menor
do que somos, de sermos vistas como objeto de luxúria
e prazer, servindo apenas para a procriação do mundo,
como fêmea parideira para o orgulho de varões e coronéis.

Fomos sim...
Submissa a conceitos inúteis, escravas do preconceitos,
Mulheres que pensavam pela cabeça do outros,
que só tinham o “sim” como resposta.
Filhas exemplares... esposas submissas...
amantes inveteradas...trabalhadoras sem pagamentos:
- cozinheiras, lavadeiras, passadeiras, parideiras...

Obedecendo a uma sociedade hipócrita, nojenta e machista,
...que viam numa figura meiga, linda, angelical, a imagem da fraqueza, 
onde depositavam a sua soberba e seu ódio,
e seus olhares chicoteados de rancores e obsessões.

Fomos sim...mas não somos mais!
Não somos mais mulheres acorrentadas nesse passado fúnebre,
que nos envergonha, que nos chicoteia em pensamento loucos,
que nos escravizavam aos medos, ao preconceito e a tristeza.

Somos Mulheres valentes, que amantamos sim...
que parimos, sim...
que trazemos vida ao mundo por amor e por amar...
Por ver num filho a esperança de um tempo novo.

Fomos a luta...lutamos!
Vamos a cama...amamos!
Sorrimos, choramos, amamentamos...
Porque somos melhores, somos grandes, somos fortes!

Nos fizeram crer que somos uma costela de um tal de Adão,
Para não dizerem do somos coração, somos alma e sentimentos,
...força interior que se agiganta, que fascina, que ama e sonha,
que acalma e ensina, que aconchega e que traz vida.

Somos Mãe...somos filhas...somos mulheres...
...e tiramos as correntes, abrimos os cadeados, 
enxergamos a vida e vimos a liberdade.
...porque lutamos por ela e conquistamos!
E as lágrimas que hoje derramamos, são de amor,
são de vida... são de verdades.

Chega de dor!
chega de amar, sem receber amor...
chega de somente dar, sem nada receber...
Chega...simplesmente chega!

Não somos corpos frágeis que se quebram ao primeiro toque,
...que se escondem ao preconceito.
Que se humilham...
Que são açoitadas por olhares infames...e choram!
...que se abatem ao primeiro não.
...que se calam à primeira esgrima.

Não! 
Nós somos bem mais que tudo isso...
Porque vencemos: 
- vencemos a vida...vencemos o tempo...
...e vencemos o preconceito de seres bestiais,
que se fizeram às custas, de mulheres acorrentadas!

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