quarta-feira, 2 de agosto de 2017

GRACIAS SÃO CHICO!


Um dia eu disse adeus!
Mas sem vontade de seguir;
Meus passos cambaleantes...
Me levaram pelas estradas do mundo,
E a cada passo que eu dava...
A cada metro que me distanciava,
A saudade já batia forte no coração.

Deixei para traz o meu mundo,
E fui em busca dos sonhos,
Fui em busca de uma vida,
...de outra vida, mais distante,
...de outros caminhos, outros carinhos,
Mas pouco de ti, eu encontrei.

Tentei encontrar outro Inhacundá...
...mas não encontrei!
Não encontrei praças de árvores,
...nem o ronco dos bugios...
...não encontrei o sino de ferro,
(nem antigo e nem novo).
Não encontrei a Sanga da Benta,
nem o velho poço da pedra...
na vida triste que medra,
...nem ruas de pedras grandes.

Tentei encontrar tanta coisa...
...coisas que só existem em ti!
Busquei coxilhas verdejantes,
Os versos com campos de areia...
Tentei encontrar a lua cheia,
Mas não era a mesma que havia ai!
Tentei encontrar a Pinheiro,
A Borges, a Farroupilha...
A rua 13 de Janeiro...
O bairro Italiano, a Coxilha,
O João XXIII e por vez...
Nada eu encontrei!

Busquei tanto que nem sei,
- e esta busca ainda valia -
Busquei pelo Salgado filho,
O Grupo, o Laerte e o João de Deus!
E para não esquecer dos meus,
Busquei de casa em casa...
Mas nada teu, encontrei.

Então me dei conta da vida,
Que a gente um dia envelhece,
Que os tempos mudam de repente,
E o que só resta pra gente,
É essa tal de saudade!
Saudade das coisas distantes,
Do mundo que ficou pra trás...
Dos sonhos e das amizades,
Coisas que não existem mais!

E o chão vermelho encobriu-se,
Com o negrume do progresso,
Na praça, os poucos bugios...
As escolas mudaram de nome,
Os amigos também se foram,
A Sanga entulhou-se na lama,
O Inhacundá sofre ao relento,
No açoite das ressolanas.

E a vida que me foi Mãe...
- de braços dados ao destino -
Não matou meus sonhos de píá...
Embora os cabelos brancos,
Que enrugaram meu meu rosto,
Possa não me tirar o gosto,
De um um dia, quem sabe, voltar,
Voltar nas ruas de chão batido,
Encontrar os sonhos perdidos
De uma infância que ficou lá!

Mas enquanto isso não chega,
Vou retrucando a saudade...
E vendo-te pelos retratos,
Emoldurados nas paredes frias,
Deste meu rancho coração...
Enquanto sorvo meus mates,
Com "jervas" lá do capão,
Sorvendo a própria solidão,
No silêncio dos fins de tarde.

Gracias por tudo, São Chico!
Gracias, pela vida que deste,
Talvez um dia quem sabe,
Eu possas estar novamente,
Nas mesmas ruas...
Nas mesmas casas...
Nos mesmos campos,
Que já não procuro mais,
Porque eles ainda vivem...
Vivem de uma saudade,
Que grita, dentro de mim!

Sem comentários:

Enviar um comentário