Lonqueando os tentos da vida,
São as lembranças escondidas...
Que a memória guarda pra gente,
Quando o passado e o presente,
Se juntam no mesmo elo...
Daqueles momentos singelos,
Que eu jamais terei novamente.
São essas relíquias guardadas...
Que vivem dentro de nós,
Onde a lembrança dos avós,
Não são apenas imagens...
É como se fosses miragens,
Caseando o véu das retinas,
Quando se abrem as cortinas,
Trazendo belas paisagens.
Lembro-me da casa grande...
Sob o aconchego de um teto,
Meu avô rodeado de netos,
Abrindo os velos da memória,
Eram os momentos de glória,
Tão esperados, para gente...
Quando ouvíamos atentamente,
O "Nono" contando estórias.
E eram causos e causos...
Que pareciam não terem fim,
Alguns ainda guardo em mim,
Coisas que a gente não esquece,
Só parávamos na hora da prece,
Na oração da Ave Maria...
Quando a Vovó agradecia,
Por cada alimento que nos desse.
Bem ali na sala da frente,
No lusco fusco de um candeeiro,
Vinham os causos de carreteiro,
Pela solidão das estradas...
Ou alguma tropa espichada,
Rumando para o matadouro,
Que até causava algum choro,
E lágrimas na criançada.
Tinham causos de assombração,
De alguma alma penada,
Causos de domas e gineteadas...
Das peleias pelos bolichos...
Tinha os que dizia em cochicho,
De algum farrancho costeiro,
Onde, se metia de gaiteiro,
Só para arrumar cambicho.
De pronto, ouvia-se uma voz...
Chamando lá da cozinha,
E em cada palavra que vinha,
Tinha recheios de ternura...
Embora a vida fosse dura,
O amor da Vovó com a gente,
Era o mais belo presente...
Envolta de sonho e candura.
Pedia com voz serena:
Para não assustar as crianças,
Mas essa era a herança...
Que eu queria trazer comigo,
Ter meu Avô como amigo,
Ter a sua história, a sua vida...
Do que essa saudade ressentida,
Que hoje é mais que castigo.
Depois que a gente cresce...
È que se entende a saudade,
Fica um vazio, uma vontade,
Dando rédeas ao pensamento,
Tentando voltar no tempo...
Que se perdeu na distância,
E novamente ser uma criança.
Para viver aqueles momentos
Porque que a vida é assim?
Porque o tempo é fio de adaga?
Porque que a morte estraga...
E teima a nos deixar a sós?
Porque essa dor dentro de nós?
Nesse martírio constante...
Há! como queira por um instante,
Ter o colo dos meus avós!
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