quarta-feira, 2 de agosto de 2017

As Pedras, do Meu Caminho!


“Havia uma pedra no meio do caminho”
Onde todos encontravam e não podiam passar,
(Foi o que me disseram quando me fiz andarilho).

Mas busquei as estradas do mundo...
Sem rumo, sem pressa, só por andar.
E rebusquei distâncias, deslumbrei horizontes,
Contornei montes, pedras e sangas.
Encontrei pedras de diversas formas e tamanhos,
Algumas negras e rijas, outras lindas e brilhantes,
E descobri que pedras são minúsculos grãos de areia
Que unidos pela força dos ventos, se agigantam,
se fortalecem e esculpem belezas deixadas no caminho.

Um dia, sem querer, comecei a juntá-las,
(As pedras que haviam no cominho)
E descobri que eram frágeis como areia,
Que eram belas como o sol...
Que eram valiosas como o ouro,
Que eram divinas como o céu.
Que cada uma, na sua forma ou cor,
Tinha o seu valor diante aos olhos,
E sonhos de cada um.

Percebi que os caminho onde haviam pedras,
Eram mais resistentes, e que caminhar
entre elas é melhor que andar na areia frouxa,
...no barro molhado, na lama fria, no capim alto.
E vi que as pedras que me machucavam,
Eram aquelas em que eu não tinha carinho,
E manejava-as com garras afiadas e pés rudes,
sentimentos bruscos e maldosos..
...coração doido, de angústia e solidão!

Descobri que as pedras não andam...
Permanecem o tempo todo no caminho,
cabe a cada um saber contorná-las,
ultrapassá-las e tirá-las para que outros cruzem.
Nenhuma vem contra ti se não fores lançada
pela mão de alguém...
Nenhuma sai do lugar se não fores forçada
por uma força maior...
Nenhuma te fere o corpo, se teu corpo não
fores rudes contra elas.

“Havia uma pedra no meio do caminho”
Tão grande e tão forte que não havia mais caminho,
Ninguém mais por ali passava...
E foi na sua sobra que construí o meu ninho,
Com todas as outras pedras que juntara.
Ergui um castelo de sonhos...
Com quartos, varanda e alpendre...
E um canto só para a poesia,
Janelas grandes de frente para o mar,
E portas abertas para o sol nascer.

E na sombra dessa pedra eu vi outras pedras,
Cantarolando com a força das águas...
Solfejando com a voz do vento...
Alucinadas com a luz do sul...
Sendo ninho para outros ninhos...
Dando vida para outras vidas...
Sendo casa e aconchego.

E assim me fiz pedra...
E assim me fiz templo...
Fortaleza que não se abate,
Que na rigidez do meu eu...
Se agiganta e fere...
Mas, se acariciado, brilha...
Se, lapidado, vale ouro...
Se, moldado. vira castelo...
...e vira sombra pra muitos outros.

Aprendi com o tempo que somos areia,
Frágeis e tenras que escorrem pelas mãos,
e que só nos tornaremos pedras:
... fortes, rijas, preciosas...
quando abraçados, unidos na mesma força e ideal,
dando uma nova forma ao mundo,
e não sendo entraves no caminho de ninguém.

E a pedra que havia no meu caminho,
Não mais existe...
sua forma tem outras formas,
Sua cor tem outras cores,
seu tempo tem outro tempo,
Mas restou uma lasca esculpida com uma estrela
e uma data na espera de uma cruz
e outra data, no meu final!

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