quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Meu Vício!

Não...não me condenem mais...
Meu vício é cruel e já me condenou.

Eu nunca pensei em ser tão fraco diante dela,
Nunca imaginei que poderíamos nos separar,
E que essa ausência fosse me machucar tanto!
No princípio, eu não me via com ela...
Ela era tão distante, tão grandiosa, tão sublime,
Que todas as vezes que nos encontrávamos,
Eu não a entendia, não a compreendia...
Havia um mundo imenso entre eu e ela.


Um dia resolvi escutar o silêncio...
Então, eu lhe ouvia!
Escutei o canto dos pássaros,
E também lhe ouvia!
Escutei a água do riacho correndo entre as pedras,
E lá estava ela, magnifica, encantadora.
Escutei o vento nas folhas das pitangueiras,
E na verdade era ela cantando pra mim.

Por um longo tempo me abstrai dos livros...
Fiquei longe das folhas dos cadernos...
Porque eu a via no brancor do papel,
Deleitada entre as linhas enegrecidas.
Afastei-me do mundo, esqueci a lua,
A chuva, o mar, o sonar dos ventos...
O balançar dos galhos, o bailar das flores,
Por que em tudo eu via-te lá!

Tranquei-me num quarto frio e só...
Fechei-me do mundo e para o mundo,
Criei vazios, retruquei as lágrimas...
Enxuguei a alma e refiz os planos.
Ali, sozinho, alimentando a angústia,
...das horas de quietude e solidão...
Ouvia a tua voz no tic tac das horas,
Versejando palavras doces na minha ilusão.

Tranquei-me como se trancam os loucos,
Para tentar viver longe de ti...
Mas quanto eu mais me escondia,
Mais perto de mim tu estavas...
Quanto mais tentava te esquecer,
Mais verdadeira tu te encontravas,
Quanto mais silêncio havia...
Mais tu gritava dentro de mim.

Não...não me condenem mais...
Meu vício é cruel e já me condenou.

Tenham paciência comigo...
Entendam que sou normal,
Que sou humano, que erro,
Que tenho defeitos e dores,
Que sofro por amar de mais,
Que choro por meus amores.

Se nascemos um para o outro,
Se no fundo tu só me faz bem,
Porque esse vício louco...
Que outros tantos não tem?

Se por onde ando eu te vejo,
(A muito tempo, és parte de mim),
Se, te sinto na doçura de um beijo,
Se, te vejo num flor do jardim...
Se, te encontro nas madrugadas frias,
Num fim de tarde que o sol aquece...
Tu és a razão dos melhores dias,
Quando a minha alma emudece!

Que todos entendam essa minha dor,
De não saber mais, viver longe de ti...
Se, todo coração sofre por um amor,
Tu já viestes comigo desde que nasci,
Fostes parceira nos horas mais tristes,
Enxugou-me os olhos, nas marés da solidão,
Fostes carinhosa e até, hoje, persistes...
Em ser a dona desse pobre coração!

Desculpem esse meu desabafo...
Circunstâncias que me tornam racional,
Saber que esse amor é tão grande,
Talvez não haja. um outro amor igual.
Não me importo de ter sido escolhido,
Execrado até o final dos meus dias...
E morrer depois de ser condenado...
Por um vício...chamado...Poesia!

Sem comentários:

Enviar um comentário