Ao redor do fogo eu penso,
Na simplicidade dos
tempos,
Nos sentimentos guardados;
Busco e rebusco no baú da
memória,
As lembranças mais
antigas...
Àquelas que, invernaram,
Nos sentimentos mais
profundos,
E vivem escondidas em
algum
capão de mato da minha
história.
Ao redor do fogo eu
mateio!
Mateio as minhas
ilusões...
Como se a vida fosse, água
e erva,
Na simplicidade de um
porongo,
Aquecida entre meus
dedos...
E rebusco em cada gole, a
saudade,
Carícias de alguém que já
se foi,
Para o outro lado da
cancela...
Sem ao menos, dizer-me adeus!
O fogo, no leve bailado
das chamas,
Sarandeia entre a brasa e
o tição...
Vestido de um cetim
multicor,
Vem encantar os meus
olhos,
E o calor de aquecer
invernos...
Aconchega a minha alma
vazia...
Ali na solidão dos meus
dias,
Vou repontando sonhos,
Guardando sorrisos
E afogando as mágoas.
Bem ali ao redor do fogo,
Atropelo a manada do
tempo,
Que talvez, por ser
indelével, se perdeu!
E ficou trancado entre as
paredes frias
das lembranças velhas...
Retrucando a angústia dos
meus dias,
Cicatrizado na dor de uma
saudade,
Saudade de campo!
Saudade da vida!
E do mundo que foi meu!
Mas como posso acreditar
no tempo?
Mas como posso entender a
vida?
Se tudo o que eu tinha, se
perdeu...
Se as lágrimas secaram os
sonhos,
E já não tenho mais gotas
para chorar?
Mas como refazer os
planos?
Se planos são sonhos mal
dormidos,
caseirando no véu das
retinas...
Inerte ao tempo mais
profundo,
Amargando o céu da minha
boca!
Bem ali ao redor do fogo!
Repasso frases soltas de
um poema,
Que a pena da esperança
rabisca,
Em formas de versos e
rimas;
E no lusco fusco da noite
morta,
Uma lua coada, de luz
azul,
Adentra-se pela janela,
E senta-se ao meu lado,
Como se fossemos de outros
tempos,
Mais antigos, mais amigos...
Estranhos seres,
De um pensar vazio!
Pois é ali ao redor do
fogo,
Que eu me encontro...
(me encontro num mundo
antigo)
E me perco de um tempo
novo,
Rebuscando no amarelo dos
retratos,
Emoldurados nas paredes da
memória,
A minha própria vida...
A minha própria história!
E a história do meu
povo...
que ao tempo se perdeu!
Vai-se a lua!
Vai-se a noite!
Vai-se o tempo!
Foram-se os sonhos!
E restou eu e meu
pensamento;
Ali, inerte, clamando ao
silêncio,
Buscando sentido para o
tempo esquecido,
Que teima em rondar um
rosto cansado,
Qual poema mal
rabiscado...
Esperando um final.
Assim sou eu...
bem ali, ao redor do Fogo!
Sem comentários:
Enviar um comentário