Maria tinha nome de Santa...
E na santidade plantou sua
fé,
Quando encontrou no José,
A esperança de outras
tantas,
Sabendo que a flor que
planta,
Tem beleza, mas tem
espinhos,
E com tanto amor e
carinho...
Seja muito pra um tempo
rude,
Onde os exemplos, as
atitudes,
Não se perdem nos
caminhos!
Maria só tinha os anseios...
Que não iam além da
janela,
De um simples barraco de
favela,
Distante do mundo
alheio...
Esperando por quem não
veio,
Nas orações em que
fazias...
Só tendo as barras do dia,
E a triste sina dos
bichos...
Juntando as sobras do
lixo,
Que o mundo lhe concebia.
José não era mais
carpinteiro,
- o que fizera pela vida
inteira -
Talhando Santos de
madeira,
Que ia para o mundo
inteiro,
Mas o modismo estrangeiro,
Criaram imagens
diferentes...
Sem aquele toque inocente,
Da arte de quem falqueja,
Que dava vida para as Igrejas,
E empregava muita gente.
Maria e José se amavam...
E eram um exemplo de
família,
Mas não orgulho para uma
filha,
Que deles muito
esperava...
Quando por uma tela,
sonhava,
Com a riqueza das novelas,
Estampando meninas belas,
Com sua vaidade e
ganância,
Sem mostrar a longa
distância,
Do mundo deles e o dela.
Pouco importa se tem amor,
Quando é o luxo que
importa,
E o mundo além da porta,
Oferece o seu esplendor...
Pra os olhos de um
sonhador,
De nada adiantam os
conselhos...
Quem nunca dobra os
joelhos,
Diante das dores da
vida...
Enxerga a alma destorcida,
Pelos reflexos dos
espelhos.
É triste a história da Maria...
Que lutava tanto pela família,
Não podia dar aos sonhos à filha,
O mundo que ela tanto queria,
Talvez, por esta rebeldia...
Pelos caprichos de adolescente,
Que faz uma menina inocente,
Diante das mazelas vida...
Tornar-me mais uma bandida,
Tirando vidas de gente!
Tentava escrever sua história,
Longe das mentes sadias...
A Bandida – da guria da Maria,
Teve seus momentos de glória,
Mas se o mundo tem memória,
Pelos labirintos das favelas...
Quem aprendeu co’as novelas,
Como se pratica um crime,
Hoje tem a lei que lhe oprime,
Ante as grades frias das celas.
Pois sonhar nunca é demais...
Quando a esperança tem razão,
Mas sempre haverá o perdão,
Dentro do coração dos Pais...
- Pois nem os dedos são iguais -
E todos tem as suas vontades,
Mas nunca o ódio e a vaidade,
Pode ofuscar esse amor...
E um filho sempre terá valor,
Pra Mãe que ama de verdade.
Por isso que, Maria, chora...
Carregando o mundo nas costas,
Pois sabe que a vida imposta,
Passará a qualquer hora...
De joelhos, reza e implora,
A um anjo que lhe deu ouvido...
Por José, mesmo, esculpido,
Nas paredes de um barraco,
Juntando todos os cacos,
Daquele amor concebido!
Logo Começará outro dia...
De matar tanta saudade,
Com a filha em liberdade,
E uma esperança tardia,
Mudada, a guria da Maria,
Aprendeu na triste ocasião,
Que o mundo numa prisão,
Não é o que uma Mãe sonha,
E diante à seus pés se ponha,
Uma nova alma – e o perdão!
Sem comentários:
Enviar um comentário