A luz que a vida me tirou,
Porque o destino assim
quis,
Não me fez um ser
infeliz...
Tão pouco menos do que
sou,
Se foi o tempo que
determinou,
Sem luz por toda a
existência...
Ganhei de Deus a
dolência...
Bem mais que a própria
razão,
E tenho os olhos do
coração...
Dando-me luz pra consciência.
Teu rosto que ainda não
vejo,
Por esta ausência de
visão...
Enxergo ao toque das mãos,
Ou pela carícia dos teus
beijos,
Que se avizinham aos
desejos,
Ardendo em chama e
calor...
Para um coração sonhador,
Pouco importa a tua
imagem,
Pois mais belo que a
paisagem,
É este universo do amor!
Quando a teu corpo me
entrego,
Mergulhado em tenro
espaço,
Meu mundo é entre teus
braços,
Tu és, a minha dona, não
nego...
E pouco importa, se sou
cego,
A luz que me falta à
retinas...
Como a noite negra descortina,
Ungido a paz de um
momento,
Onde só basta um
sentimento,
(É tudo que o amor, nos
ensina).
Quando quero ver as
flores...
O campo vasto, as
coxilhas,
Caminho entre as maçanilhas,
E vou imaginando, suas
cores,
Criei imagem dos
corredores...
De rios, de matas e de estradas,
Como se fossem formadas...
Num mundo dentro de mim,
Aonde o tempo não tem
fim...
E tudo é parte de um nada!
Para muitos, isso é a
dor...
É parte dura. É sofrimento!
Mas ninguém enxerga o
vento,
E todos sabem do seu
valor...
Ninguém pode ver o calor,
E tantas coisas que
existem,
Enquanto muitos insistem,
Na pior cegueira da
vida...
Que é ter a imagem distorcida,
Que a tantos olhos,
persistem.
Não precisa ter pena de
mim!
Nem tão pouco ficar condoído,
Me restam os outros
sentidos,
E foi Deus que me quis
assim,
Sem ter a luz, não é o
fim...
Quando há, amor
verdadeiro,
Os sonhos são
derradeiros...
E em cada toque dos dedos,
Tateando à luz dos
segredos,
Te busco apenas com o
cheiro.
Há tantos, que tentam
ver...
O que os olhos jamais
verão,
Pois o belo não está na
visão,
Mas no interior de cada
ser!
Só os olhos não conseguem
ter,
Quando a alma ressente na
dor,
E a vida vai perdendo o
valor,
A cada um que anda sozinho...
Carregando apenas espinhos,
Sem nunca conhecer a flor!
Se o amor que trago é
infinito,
(E o meu coração é quem
diz)
O mundo em que vivo é
feliz,
Por certo, também, é
bonito!
Onde cada ser é bendito...
Se, crer na luz do perdão,
No simples toque das mãos,
Sinto o teu corpo, teus
beijos,
E são por elas que te
vejo...
Com os olhos do coração!
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