quarta-feira, 2 de agosto de 2017

QUANDO O SONO SE CANSA DE MIM!


Noite encardida, madrugada grande, frio de inverno...
O silencio castiga com seus olhos de saudade
E as lembranças chicoteiam o pensamento pelas horas infindas,
carcomidas pelo tempo.
La fora o vento soluça...Aqui dentro o silencio castiga.
O negrume da noite, vestida em seu luto funeral,
traz os fantasmas do tempo e as horas padecem num relógio desacordado.
Meu corpo judiado sofre as dores dos punhais dos anos...
E os ossos estalam num catre proscrito onde campeio o meu sono.

Por vezes um grilo afina sua rebeca,
com cordas de arame, mas o silencio proclama o seu toque final,
Almas se encontram para prosear em silencio, mas falando de mim...
Pensamentos vagueiam numa viagem sem tempo
e encontra a saudade vestida de um lume sideral...
Imagens desenham as ideias mais tolas para enfeitar as retinas...
Olhos atentos...negrume de noite...o sono se foi!

Nas paredes bordadas, pela tinta polida que a noite pintou,
uma réstia de lua alumia o vazio...
O bocejo do vento balança as casuarinas com folhas e galhos...
...e gramas e capim... e plumas e palmas...
E uma coruja reclama a ausência de vida para uma prosa afinal.

O campo dorme...
...as almas do campo dormem...
fundo de estância longe dos meus,
procuro sono que se cansou de mim, acordou e partiu!

Na metamorfose da vida, que transforma sonho em saudades,
o sono é mais um andarilho buscando um tempo para si...
e na solidão dos meus dias, me deixa perdido nas lembranças
e vai se encontrar nas paragens de almas andantes...
de estradas antigas...
de poemas escritos nos pergaminhos das noites...
de versos ditos por ventos errantes...
por sangas e corredeiras que cantam seu pranto nalgum fundo de mim.

Pois assim somos nós andarilhos do tempo,
caminhantes da vida, sonhadores do mundo,
que adormecem aos poucos para casear a poesia.

Noite esquisita...
madrugada grande...
acordam as barras do dia!

Aos poucos a vida grita ao silencio e cutuca as horas para começar tudo novamente.
O grilo emudece...
a coruja adormece...
o vento reclama...
o sono retorna...
mas os punhais da idade me picaneiam os ossos, que me botam em pé para uma cevadura de mate.

Fundo de campo...a lida começa para almas viventes!


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