quarta-feira, 2 de agosto de 2017
Um retrato preto e branco!
Guardei meu tempo menino
num retrato preto e branco...
Resquícios de uma saudade
que vai amarelando o pensamento,
marejando as minhas retinas...
com pupilas esmaecidas...
onde derramam as lembranças,
de um passado que não passou!
Fui menino como tantos...
com o meu mundo imaginário,
que não ia além do galpão.
E dos brinquedos, as estâncias,
que se perdiam na distância,
da minha própria imaginação!
Das artes, eu fiz meu mundo,
em belos fletes de taquara,
ou com brinquedos de coivaras,
e tropas inteiras de osso...
Fiz parapeitos de mangueiras,
Cancelas, açude e potreiros...
Até um dia me tornar gente,
e deixar tudo no tempo.
Meu tempo ficou guardado,
Por não poder trazer comigo,
E o mundo abriu-me os caminhos,
Conheci vidas que não eram minhas,
Conheci o tempo que atropela a vida...
E joga ao frio das calçadas...
tantos que, iguais a mim,,,
Com suas infâncias amareladas,
Morrendo a troco de nada...
Quando tempo dita o seu fim!
Sonhei com o mundo e não tenho,
Por me apressar nos caminhos...
E depois...da gente crescido...
Busca aquele mundo perdido,
Entre a saudade e os retratos...
Derramando em gotas salobras,
Com intempéries de temporais,
As dores que não são reais...
Que cortam alma e coração.
Guardei meu mundo pequeno,
Num retrato preto e branco...
Mas era uma vida no campo,
Que parecia grande para mim,
Quando meus pés ariscos...
Corriam na terra molhada,
e não ia além da estrada,
a liberdade de um piá!
A gente cresce para a vida,
E o mundo todo se agiganta,
O tempo parece pequeno...
Para quem tem sonhos errantes,
O passado fica distante...
Por entre lembranças antigas,
Preso no ataúde das memória,
Sem saber como soltá-las!
Até que um dia se desprende,
Ranzinza e um cheiro envelhecido,
Por tanto tempo esquecido...
Guardado em sarcófago profundo,
Se abre as mazelas de um mundo,
Onde quase tudo tem seu risco...
Um retrato é apenas um cisco,
...cravado dentro do um olhar...
Hoje a idade me atormenta...
Rodeado por tantos e sozinho,
Rebuscando entre as lembranças,
Imagens que ainda tem vida...
E fecunda as horas mortas,
Espiando por entre as portas,
Que trancam tempo e passado,
onde vejo um mundo guardado...
Que será sempre uma parte de mim!
O silencio que me rodeia...
Na solidão do meu peito,
Tem gritos quando me deito,
Chamando alguém que não sou,
Pois aquele tempo ficou...
Da vida simples do campo,
Hoje faz parte de um pranto,
Que só tempo pode dar fim...
Mas que guardo aqui dentro de mim,
E num retrato preto e branco!
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