Não...
...eu não sabia que aquele seria o último mate!
Madrugada lobuna chegou despacito
com cara de sono no sorrir do nascente...
e as lágrimas da noite, velada em seu luto,
escorriam da quincha num choro silente.
Os estalos do angico borbulhando a sua ira,
bordava de picumã das tábuas antigas...
E um vento aragano, se fazendo cantor...
recitava porfias pelo encaixe das vigas.
No potreio da frente um zaino estreleiro,
sapateando à cancela esperava o bornal.
Cuidando o mundo entre o rancho e o galpão,
de orelhas pontudas, de um mesmo ritual.
O silêncio quebrado a rosetas de esporas,
acordavam pupilas tresnoitadas de açoites,
E a cantiga dos campos escondiam macegas,
bailando ao vento de um resto de noite.
Não...
...eu não sabia que aquele seria o último mate!
A erva na cuia...a cambona no fogo,
A cantiga da lenha estalando nas brasas,
O olhar pensativo e um naco de fumo...
despontando amarguras distante das casas.
A palha alisada... molhada nos beiço!
um baio fechado...um gole de mate...
Fumaça encardida pr’um olhar tão termo.
Silenciando as palavras, na minha saudade.
As madrugadas sempre foram assim...
...feitas de silêncio, de mates e pitos!
E eu guri do campo...
...me via homem ao redor do fogo,
...assimilando conselhos,
...balbuciando palavras,
...seguindo caminhos...
...desenhando mapas pelo chão do tempo,
e rebuscando exemplos pra um viver livre;
Sem pressa, sem atalhos, no rumo certo,
...em que apontava o meu coração.
Por muito tempo fora assim!...
Meu Pai, um cerne enraizado em terra forte,
plantado aos pés do fogo, esperando o tempo,
semeando rumos, enfrenado potros...
destorcendo arrames, emendando cordas,
balbuciando versos para espantar a angustia,
Retrucando a vida por se parar tão maula.
E mesclando coplas com olhar tão terno.
E pelo frio dos invernos...
...quando a geada é grande,
acordava os dias no lobo do maulas...
...qual uma fera fora da jaula...
mostrava-me o rumo do caminho certo,
com patas ligeiras de homens libertos...
E cutucando a aurora por gostar das cores.
Ensinou-me a vida e seus dissabores...
falava-me de sonhos, de lida e de amores,
E gostava dos bichos, por viver no campo...
...um olhar terno, o seu jeito franco...
...me rebenqueava alma nas horas de arte,
...as inquietudes tantas que faziam parte...
...das tristezas injustas que rondavam o peito.
Não...
...eu não sabia que aquele seria o último mate!
Madrugada lobuna chegou despacito,
e pegou-nos, os dois mateando lado a lado,
porque acordara antes do cantar dos galos,
E de mate pronto, só para lhe fazer agrado.
Mas o vulto mórbido de um corpo esguio,
...desenhou imagens ao sombrear do tempo,
e os passos lentos, de um dorso curvado,
rastejam os anos com o seu lamento.
O tempo afano que atormenta os sonhos,
Que lastima corpos e encurta os passos,
Que castiga a alma por se achar tão velha,
chegou sem pena pra me roubar um pedaço.
E eu homem feito, descobria ao tempo,
Que filhos não crescem pra que traz amor,
E os mesmos conselhos, com palavras suaves,
Respingavam lentas entre o mate e a dor.
O mundo é pequeno quando tempo chega,
e a vida se aporreia sem dizer um ai...
deixando as lembranças a parceirar os sonhos,
e a cantiga da morte a rondar um Pai!
De pingos encilhados, largamos pra lida,
esporeando angústias, cutucando a dor,
...esgrimindo a ira de um viver a dois ..
e refazendo os sonhos n’algum corredor.
O Zaino amilhado de franja comprida,
parecia entender que o tempo é cruel...
e o caudilho entonado, que gritava por farra,
e cutucava na esporas só pra ver o tropel.
Um Monarca em seu trono, liberto do mundo,
hoje vinha em silêncio sem entender o ritual,
bombeando o campo, com angústia nos olhos,
Parecia buscar um canto para o seu final.
Me apartei num instante, uma vaca caída
e ele seguiu lentamente como se soubesse o lugar,
apeou junto a sanga, numa sombra de angico...
e sentou-se no pasto, como estivesse a esperar.
A zaino pastando...uma tropa recolhida...
O corpo estirado como a beijar o capim...
Talvez agradecendo pelo tempos vividos,
Sabendo que a morte decretara o seu fim.
Não...
...eu não sabia que aquele seria o último mate!
Mas sei que morrestes do jeito dos tauras,
sortejos de tropa, sobre o verde da grama...
sem peso, nem dor...nem ódio estampado,
apenas um Homem que a morte lhe chama.
Velado ao silêncio de um campo em flor...
com gemidos de sangas e coscojas de freio,
dois cuscos brasinos que já conhecem a dor,
e a tristeza do zaino que pasta c’os arreios.
Quem fora semente de vida e verdade...
alheio aos conceitos que o mundo provem,
hoje é lembrança, é dor e é saudade...
...exemplo de vida no mundo do bem.
Tem força de campo, de água corrente...
com resto de noites, de estrelas fugidas,
Imagens confessas que a alma acalanta,
Guardando o tesouro maior desta vida!
Não...
...eu não sabia que aquele seria o último mate...
...que eu tomaria com o meu Pai!
...eu não sabia que aquele seria o último mate!
Madrugada lobuna chegou despacito
com cara de sono no sorrir do nascente...
e as lágrimas da noite, velada em seu luto,
escorriam da quincha num choro silente.
Os estalos do angico borbulhando a sua ira,
bordava de picumã das tábuas antigas...
E um vento aragano, se fazendo cantor...
recitava porfias pelo encaixe das vigas.
No potreio da frente um zaino estreleiro,
sapateando à cancela esperava o bornal.
Cuidando o mundo entre o rancho e o galpão,
de orelhas pontudas, de um mesmo ritual.
O silêncio quebrado a rosetas de esporas,
acordavam pupilas tresnoitadas de açoites,
E a cantiga dos campos escondiam macegas,
bailando ao vento de um resto de noite.
Não...
...eu não sabia que aquele seria o último mate!
A erva na cuia...a cambona no fogo,
A cantiga da lenha estalando nas brasas,
O olhar pensativo e um naco de fumo...
despontando amarguras distante das casas.
A palha alisada... molhada nos beiço!
um baio fechado...um gole de mate...
Fumaça encardida pr’um olhar tão termo.
Silenciando as palavras, na minha saudade.
As madrugadas sempre foram assim...
...feitas de silêncio, de mates e pitos!
E eu guri do campo...
...me via homem ao redor do fogo,
...assimilando conselhos,
...balbuciando palavras,
...seguindo caminhos...
...desenhando mapas pelo chão do tempo,
e rebuscando exemplos pra um viver livre;
Sem pressa, sem atalhos, no rumo certo,
...em que apontava o meu coração.
Por muito tempo fora assim!...
Meu Pai, um cerne enraizado em terra forte,
plantado aos pés do fogo, esperando o tempo,
semeando rumos, enfrenado potros...
destorcendo arrames, emendando cordas,
balbuciando versos para espantar a angustia,
Retrucando a vida por se parar tão maula.
E mesclando coplas com olhar tão terno.
E pelo frio dos invernos...
...quando a geada é grande,
acordava os dias no lobo do maulas...
...qual uma fera fora da jaula...
mostrava-me o rumo do caminho certo,
com patas ligeiras de homens libertos...
E cutucando a aurora por gostar das cores.
Ensinou-me a vida e seus dissabores...
falava-me de sonhos, de lida e de amores,
E gostava dos bichos, por viver no campo...
...um olhar terno, o seu jeito franco...
...me rebenqueava alma nas horas de arte,
...as inquietudes tantas que faziam parte...
...das tristezas injustas que rondavam o peito.
Não...
...eu não sabia que aquele seria o último mate!
Madrugada lobuna chegou despacito,
e pegou-nos, os dois mateando lado a lado,
porque acordara antes do cantar dos galos,
E de mate pronto, só para lhe fazer agrado.
Mas o vulto mórbido de um corpo esguio,
...desenhou imagens ao sombrear do tempo,
e os passos lentos, de um dorso curvado,
rastejam os anos com o seu lamento.
O tempo afano que atormenta os sonhos,
Que lastima corpos e encurta os passos,
Que castiga a alma por se achar tão velha,
chegou sem pena pra me roubar um pedaço.
E eu homem feito, descobria ao tempo,
Que filhos não crescem pra que traz amor,
E os mesmos conselhos, com palavras suaves,
Respingavam lentas entre o mate e a dor.
O mundo é pequeno quando tempo chega,
e a vida se aporreia sem dizer um ai...
deixando as lembranças a parceirar os sonhos,
e a cantiga da morte a rondar um Pai!
De pingos encilhados, largamos pra lida,
esporeando angústias, cutucando a dor,
...esgrimindo a ira de um viver a dois ..
e refazendo os sonhos n’algum corredor.
O Zaino amilhado de franja comprida,
parecia entender que o tempo é cruel...
e o caudilho entonado, que gritava por farra,
e cutucava na esporas só pra ver o tropel.
Um Monarca em seu trono, liberto do mundo,
hoje vinha em silêncio sem entender o ritual,
bombeando o campo, com angústia nos olhos,
Parecia buscar um canto para o seu final.
Me apartei num instante, uma vaca caída
e ele seguiu lentamente como se soubesse o lugar,
apeou junto a sanga, numa sombra de angico...
e sentou-se no pasto, como estivesse a esperar.
A zaino pastando...uma tropa recolhida...
O corpo estirado como a beijar o capim...
Talvez agradecendo pelo tempos vividos,
Sabendo que a morte decretara o seu fim.
Não...
...eu não sabia que aquele seria o último mate!
Mas sei que morrestes do jeito dos tauras,
sortejos de tropa, sobre o verde da grama...
sem peso, nem dor...nem ódio estampado,
apenas um Homem que a morte lhe chama.
Velado ao silêncio de um campo em flor...
com gemidos de sangas e coscojas de freio,
dois cuscos brasinos que já conhecem a dor,
e a tristeza do zaino que pasta c’os arreios.
Quem fora semente de vida e verdade...
alheio aos conceitos que o mundo provem,
hoje é lembrança, é dor e é saudade...
...exemplo de vida no mundo do bem.
Tem força de campo, de água corrente...
com resto de noites, de estrelas fugidas,
Imagens confessas que a alma acalanta,
Guardando o tesouro maior desta vida!
Não...
...eu não sabia que aquele seria o último mate...
...que eu tomaria com o meu Pai!
Sem comentários:
Enviar um comentário