sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Romance de lua Grande!

A noite traz seus encantos...
Vestida em ponchos de luz,
E a um par de olhos, seduz...
Tisnado a prata de um manto...
Que inunda as flores do campo,
Entre perfumes de açucena...
Quando sonhar vale à pena,
O amor é tropa em reponte,
Bebendo a água da fonte...
Dos lábios de uma morena.

Encilho belas lembranças...
No potro de uma saudade,
Quando tua imagem invade,
No corredor das distâncias,
Matreiro como esta ânsia,
Que minha alma atropela,
Quando a lua mais bela,
Vestida de véu e grinalda...
Pelo horizonte desfralda,
Pra se debruçar na janela.

E ela me traz uma imagem,
Com olhos em cor de jade,
Qual a mais bela divindade,
Que enfeita esta paisagem,
Bendita sejam as miragens,
Que dão vida às madrugadas,
Espelhando-se nas aguadas,
Que ao campo descortina,
Para alimentar as retinas...
Num véu de noite, estrelada.

Daqui, de onde te vejo...
Por entre os galhos do arvoredo,
Guardando nossos segredos,
E algum sonho, de andejo...
Eu sinto o gosto de um beijo,
Timbrado em ouro e metal,
Quando um majestoso ritual,
Unia o calor de quatro mãos,
Que chega aqui pr’ao galpão.
Com o cheiro do aguapezal.

Que as horas longas que passo,
Aos tombos com a solidão...
Atiçando um fogo de chão,
Que já não aquece o espaço,
Só o calor dos teus braços,
É que me trazem acalanto,
Enquanto um grilo faz canto,
Num contraponto de cigarra,
Pra alma soltar as amarras...
E os olhos inundar de pranto.

Quem diz que homem não chora!
É porque não sabe o que é amar,
Como pode não poder chorar!
Se as lágrimas, é um rio corrente...
Quando a alma da gente...
Transborda na inércia da dor,
Por saber que àquela flor...
Que era a parte doce da vida,
Partiu sem uma despedida...
Pelo vazio de um corredor.

E nestas horas de ausência...
Que o galpão veste-se de luto,
E até o silêncio eu escuto,
Martelando minha consciência,
Talvez exista uma ciência...
Pra um amor que perpetua,
Com a noite banhando nua...
O manto santo da aguada,
Pra’os olhos ternos d’amada,
Virem espelhar-se na lua.

Mas ficaram flores murchando,
No que restou de um jardim,
E outras, que havia em mim,
Viverão não sei até quando...
Talvez estejam esperando,
Bem antes que a noite finda...
Ver o corpo da minha linda,
Estendido sobre um catre,
Ou afogando uma saudade,
Num mate de boas vidas.

Que o tempo tenha levado,
O que eu deixei pra depois,
E o rancho que ergui pra dois,
Possa até ser habitado...
Pois, se for do teu agrado,
Boto a encilha num redomão,
Enfreno um potro coração...
E dou um destino pra gente,
Vendo patear em teu ventre,
Um "pithãozito" chorão.

E daí, eu farei poemas...
Na clave de uma lua cheia,
Enquanto o vento ponteia...
Nas folhas das açucenas,
Se vida anda, pequena...
Para tanto amor que trago,
Talvez ao mundo me largo,
Qual um cometa errante...
Para ser-te apenas, amante,
Nas noites mornas do pago.


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