Don Inácio foi campeiro, ..
Foi tropeiro e changueador,
Foi guerreiro e peleador...
Foi posteiro e capataz, .
Semeava léguas de paz,
Da vida rude e macabra,
Depois de dar a palavra,
Por nada voltava atrás.
No silêncio da coxilha,
Lá donde fez seu reinado,
Ergueu um rancho sombreado,
Por braços de cinamomos,
Para passar os outonos...
Entre o Itú e o Espinilho,
Junto da mulher e dos filhos,
No aconchego do seu trono.
Um dia explodiu a guerra,
Pelos campos do Rio Grande, ..
Deixando carne com sangue,
Em cada palmo deste chão,
Era irmão matando irmão...
Em vinganças desenfreadas,
Com famílias, dizimadas,
Numa tal de revolução.
Vinha o eco da tirania,
Pelo Sul deste Brasil,
Fazendo o berro do fuzil,
Calar a lança e a adaga,
(Em cada vida que se apaga,
Com a gana dos infiéis...
Erguem brindes aos Coronéis), .
E a ganância se propaga.
Don Inácio foi chamado,
Para mais esta empreitada,
Deu adeus, à mulher amada,
Encilhou bem o tordilho...
Trouxe o genro e o filho,
Mais uma frente guerreira,
Pra num Capão de Laranjeira,
Calar a voz de um Caudilho.
Ele só queira a justiça...
Destas que a história apaga,
Teve estaqueado na adaga,
Um Coronel, dos "oposto"...
Olhando bem no seu rosto,
Mostrando que são iguais,
Independente do Posto.
Esta é a verdade que clama,
Pra quem deturpa a história,
Don Inácio, hoje, é memória,
É tento forte de um laço...
Cruzando o tempo e o espaço,
Para quem segue seu rasto,
Ficaram três cruzes no pasto,
Nas barrancas do Caripasso.
Diante delas que me ajoelho,
Num silêncio de oração...
Tentando encontrar razão,
Para esta alma impertinente,
- Como pode, no presente..
Onde a vida tem um custo,
Don Inácio não ter um busto,
Para a memória desta gente?
Talvez um dia, ainda veja,
Um monumento erguido...
Pra que não sejas esquecido,
Nesta Pátria Riograndense,
Se, esta terra, nos pertence,
É porque num tempo atrás,
Alguém peleou pela paz...
Neste torrão Assisense.
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