quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Se eu morrer antes de ti!

Se eu morrer ante de ti, não reclame,
Apenas chore, se tu achares por bem…
Finja para os outros, minta que me ama,
E esqueça tudo o que não lhe convêm!

Vista-se de preto para fingir o luto…
Derrama umas lágrimas, embora em vão,
Não fales de mim, que eu ainda escuto…
E quem sabe, até, me levante do caixão.

Se eu morrer ante de ti, não se exalte,
Nem fique sorrindo, não é de bom tom,
Ponha um preto na cor do esmalte…
E quem sabe um roxo na cor do batom.

Assim, quem sabe, acreditem na tua dor,
A viúva, donzela, tão solitária e infeliz…
Finja para eles que era puro teu amor…
E recorde os momentos que fostes feliz!

Se eu morrer antes de ti, não esqueça,
Que doei a minha vida quase toda pra ti,
Ainda lembro das falsas dores de cabeça,
E todas as brincadeiras para vê-la sorrir.

As vezes que briguei com o mundo em vão,
Para defender os teus tantos devaneios,
Com todas amantes da tua imaginação…
E as vezes, em que a menstruação não veio.

Se eu morrer antes de ti, deixe-me ir…
Ao frio do corpo que busca um começo,
Quem sabe noutro plano possa conseguir,
Um pouco de vida, a paz que eu mereço.

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