quarta-feira, 16 de agosto de 2017

A Magia dos Sonhos!

Três homens e quatro cavalos!...
Eu sempre tentei compreender...
Qual o significado dos sonhos!
O que esconde essa magia...
Que faz um ser humano,
Viajar numa imensidão...
De imagens tão diferentes,
De distâncias infinitas...
De espaços tão pequenos.



Por muito tempo os meus sonhos,
Foram em preto e branco!
Muitas vezes eu vi a dor...
Vi a guerra, o ódio, o rancor...
Pessoas sofrendo. nos meus sonhos,
e eu sofrendo nos meus dias!

A minha vida de tormentos,
A pressa com o que eu andava,
A solidão rodeado de gente...
A agitação das ruas cheias...
A distância das pessoas, indo e vindo,
E outras nas calçadas frias,
Parece que tudo se refletia,
Tornando os meus sonhos,
Sem vida, sem cor, sem alegria.

Um dia tentei mudar...
Olhar mais para a natureza,
A cor do céu... As flores... o mar,
A vida que paira diante à janela,
...os raios cintilantes de um sol de abril,
O cantar dos pássaros, as aquarelas,
E a noite que cai tão bela...
Fartada de estrelas e uma lua grande.

Então mudaram os meus sonhos,
Comecei ver pinceladas de cores...
Sem guerra, sem ódio, sem dores,
Vi-me vagando por lugares ternos,
Viajor de campos eternos...
Rodeado de imagens calmas...
Senti-me novo, uma nova alma,
...em cada sonho que em mim, refletia.

Três homens e quatro cavalos!...
Um campo vasto florido...
Apareciam repentinamente...
Vagando pelos meus sonhos;

Então busquei reencontrar-me,
Na vida rude em que levo...
E buscar em cada pessoa,
O Deus que existe nos seres,
Com sua crença e diferença,
Sem julgo ou sentença...
Com suas vidas incomum.

Andando pelas ruas frias...
Onde seres maltrapilhos...
Desfilam suas roupas sujas,
Carregando as casas de papelão,
E a carne rija e cansada...
Estampando olhos famintos,
Envaidecidos pelas drogas,
Alimentando almas tão frias,
E tão distantes deste mundo carnal.

Adentrando em casas torpes...
Vendo corpos ardentes
Expostos em vidraças sujas,
Como carne erre ondas,
De açougues fétidos,
Na espera imoral,
De vender o corpo,
Por troco de nada.

Saio com a ideia louca,
De mudar o mundo em que vivo,
E vagando na boca do lixo.
Só encontrei olhos de bicho,
Matando a fome nos restos alheios,
E mãos trêmulas de embriaguez,
Que mal seguram a dor do vício,
Terminando a vida em balcões vazios.

Não sei se é sonho ou se é realidade?
Mas vejo o mundo com outros olhos,
E a dor de tantos que, hoje, vagam,
Apertam-me a alma, colorindo sonhos!
E de novo vejo, desfilando calmos,
Sem saber o porquê!...
Nem para quem eu falo...
Lá vêm três homens e quatro cavalos,
Tateando sonhos em direção à mim.

Talvez eu tenha só me encontrado...
Ou quem sabe o mundo mudou de cor,
E aqueles sonhos que eram preto branco,
Foram pincelados nas tintas do amor;
Talvez a idade que chegou de vez,
Encurtando o passo que já são raros,
Mas deu-me o tempo de encontrar o tempo,
De ver o mundo com olhos claros.

E os sonhos seguem a pintar ocasos,
Com tintas frescas de um brilhar agreste,
E três homens chegam, com quatro cavalos,
E eu os reconheço, são seres celestes...

Há muito tempo que veem em sonho,
(Talvez a vida foi quem quis assim)...
Os dois de branco, eu os reconheço,
São anjos cálidos, são querubins,
Que trazem encanto, aos olhos meus,
E por certo não veem ditar meu fim,
...pois o Outro, eu sei, vi de longe, é Deus...
E veem trazendo um cavalo, pra mim!