quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Quinze dias de escuridão!

Cai num sono profundo,
Beirando a morte fatal...
E fui descobrindo outro mundo,
Talvez um mundo irreal...
Vi a cura pras minha chagas,
E tudo aquilo que fazia mal,
E no desespero da morte...
Por certo que eu tive a sorte,
De ver um eu, outro igual!

Andei por casas antigas...
Por alamedas e campos floridos,
Aqueci-me em mãos amigas,
Talvez por eu ser o escolhido...
Deixei meu canto ao vento...
E por muito pude ser ouvido,
E na simplicidade de um canto,
Estive entre a alegria e o pranto...
E tantos sonhos divididos.

Um véu de nuvens brancas,
Se abriram como algodão...
Ouvi as vozes das Santas...
Com seus cantos em oração,
Peguei mendigos nos braços,
E vi sangrando suas mãos...
Senti o fel na minha boca,
E os gritos de gente loucas...
Na clausura da escuridão!

Me abstive das promessas,
Que muitos fazem pra cura,
Do mundo que vive com pressa,
Das ruas e suas loucuras...
De bocas famintas de pão,
E Profetas de falsas juras...
Que massificam as palavras,
Atordoando mentes escravas,
Na distorção das escrituras.

Foram quinze dias insanos,
De paz, de amor e calmaria,
Mas pareceram quinze anos,
Sobre o vazio de uma cama fria,
Onde um corpo entre agulhas,
Ia penando os seus dias...
Findando aos olhos de tantos,
Que clamavam pelos cantos...
Sem entender o que eu sentia.

E a morte esteve por perto...
Rondando com a sua frieza,
Também não sabia ao certo,
Também não tinha certeza,
E ela por louca imaginava...
Meu corpo frio sobre a mesa,
Mas esqueceu que mi’alma,
Por ser linda, serena e calma...
Também tinha as suas defesas.

E um corpo ali estirado...
E a morte com olhos abertos,
A minha alma lá do outro lado,
E Deus me rondando por certo,
Encontrando outras verdades...
E planos a serem descobertos,
Cercado de seres iluminados,
Na brandura de anjos alados,
Com o meu espirito liberto..

Não foram sonhos em vão...
Não foram apenas momentos,
Foram quinze dias de escuridão,
Pra muitos de dor e sofrimento,
Mas eu estava em outro plano...
Sentindo a paz e o alento...
Nos braços de tantos amigos,
Que sempre estiveram comigo,
No plenário dos pensamentos.

Passei no umbral das dores...
Ouvi gritos e renegação...
Vozes de ódio e rancores,
Na penúria de um alçapão,
Presos na própria vaidade...
Com sangue vivo nas mãos,
Acordei pra vida e para o bem,
E entendi o amor que se tem,
Em quinze dias de escuridão!

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