Caseando minhas retinas,
Reflexos que descortina,
E permanece ao meu lado,
Meu Pai, um cerne cravado,
Um palanque, uma tronqueira,
Um esteio para vida inteira…
Um Pau-ferro, enraizado.
Sustentou na cana do braço,
Os manotaços do tempo…
A força bruta dos ventos…
Em seus hediondos temporais,
Sofrenou a força de baguais,
Desses dias mal costeados,
Que se param embodocados,
No ermo dos pafonais.
Meu Pai tinha capa de herói…
Num Fiateci de estampa,
Que atirava sobre a anca,
De um zaino, frente aberta,
Que andava de orelha alerta,
E mal pisava o pasto...
Sentindo o ranger do basto,
E cada tento que aperta!
Nas manhãs enferruscadas,
Era o senhor das encilhas,
Bem do alto da coxilha...
Quando a geada branqueava,
Um maragato tremulava…
Como bandeira de guerra,
Mostrando o valor da terra,
E as razões que se peleava.
Meu Pai foi o cimento…
Foi a argamassa, foi o ferro,
Desde o meu primeiro berro,
Até as lições incompreendidas,
Foi o meu exemplo de vida…
As verdades, os conselhos,
Que ainda vejo no espelho,
Nessa imagem distorcida.
O tempo verga em silêncio,
A terra que não se planta…
E prende a voz na garganta,
Porque conhece seu valor…
Um pontaço no sangrador,
Desta lâmina da saudade,
Deixa um peito por metade,
Sangrando na própria dor.
Dor recheada de lembranças,
Dor carcomida de saudade…
Dor de sonhos e de verdades,
De contos, causos, gargalhadas,
Como eram lindas as madrugadas,
Um fogo grande, um galpão…
E um corcóvio de redomão…
No escaramuçar da potrada.
E aquela estampa domingueira,
Que ainda tento copiá-la…
De chegar abanando o pala,
Chapéu tapeado na nuca…
Esnobando a China Maruca,
Que um dia me meteu banca…
E já saltou das tamancas…
Ali na venda do Juca.
Porque a saudade é assim…
Faz lembrar do que foi bom?
Pois ainda escuto o som…
Da sua voz em meus ouvidos,
Me deixando dividido…
Entre o sonho e a realidade,
Um menino em tenra idade,
Que ainda chora escondido.
Hoje eu sigo essa estrada,
Que o senhor deixou aberta,
Sofrendo a cada descoberta,
Que não aprendi a tempo…
Guardando o sopro do vento,
A luz da lua, o brilho do sol,
E esperando o arrebol…
Para buscá-lo em pensamento.
Talvez pra muitos é utopia…
Devaneios duma mente insana,
Guardar quem a gente ama…
A sua voz, os seus conselhos…
Até os estalos dos relhos…
Talvez seja só um desejo,
Mas é a sua imagem que vejo,
Quando me paro no espelho.
Dor carcomida de saudade…
Dor de sonhos e de verdades,
De contos, causos, gargalhadas,
Como eram lindas as madrugadas,
Um fogo grande, um galpão…
E um corcóvio de redomão…
No escaramuçar da potrada.
E aquela estampa domingueira,
Que ainda tento copiá-la…
De chegar abanando o pala,
Chapéu tapeado na nuca…
Esnobando a China Maruca,
Que um dia me meteu banca…
E já saltou das tamancas…
Ali na venda do Juca.
Porque a saudade é assim…
Faz lembrar do que foi bom?
Pois ainda escuto o som…
Da sua voz em meus ouvidos,
Me deixando dividido…
Entre o sonho e a realidade,
Um menino em tenra idade,
Que ainda chora escondido.
Hoje eu sigo essa estrada,
Que o senhor deixou aberta,
Sofrendo a cada descoberta,
Que não aprendi a tempo…
Guardando o sopro do vento,
A luz da lua, o brilho do sol,
E esperando o arrebol…
Para buscá-lo em pensamento.
Talvez pra muitos é utopia…
Devaneios duma mente insana,
Guardar quem a gente ama…
A sua voz, os seus conselhos…
Até os estalos dos relhos…
Talvez seja só um desejo,
Mas é a sua imagem que vejo,
Quando me paro no espelho.
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