Maria tinha seus receios...
Essas incertezas da vida,
São coisas de preconceito,
Que sangram velhas feridas,
Pois não era só a estatura...
Não era ausência de beleza,
Mas a angustia que se carrega,
Quando há olhar de incerteza!
Desde criança foi assim...
Quando chorava escondida,
E encobria os espelhos...
Com imagens destorcidas,
Não queria mais se ver...
Diante a luz da ilusão...
Esquecendo que ao amor,
Não há tamanho o coração.
E Maria ficou mocinha...
Ofuscada em seus lamentos,
Sem responder as perguntas,
Chibatadas do pensamento,
Que lhe feriam a alma...
Que incomodava a pena,
Quando olhares maldosos...
Lhe condenavam à pequena!
Alguém entende essa dor...
Do punhal do preconceito?
Quando a alma ferida...
Abre um buraco no peito?
Alguém tem ideia o que sente,
Aquele que sofre calado?
Por ter nascido diferente,
Precisa ser condenado?
Porque tanto julgamento,
Se somos todos iguais?
Porque uns sofrem tanto,
E outro sofrem ainda mais?
Porque te julgas melhor...
O que tu tens de diferente?
e Deus é igual pra todos,
E vive aqui dentro da gente?
Maria pequena sofria...
- Por se achar inferior –
Às vezes, até se escondia,
Para descarregar sua dor,
Mas o tempo foi passando,
E o tempo cobra seu preço,
E Maria foi conquistando...
O que lhe faltara no começo.
Lutou como lutam todas,
Para ser mais que existência,
Não se importava com olhares,
Vivia a própria consciência...
E embora o mundo insano,
Dos que só olham defeitos,
Maria se encontrou na poesia,
Ganhou do mundo respeito.
Se fez senhora dos livros,
Encheu de luz outras vidas,
Colocou Poesia no nome,
E estancou outras feridas...
Das pessoas, iguais a ela...
Que pelo tempo sofria,
Maria se fez exemplo...
Como a Luz de outra Maria!
Maria da Luz Poesia...
Pseudônimo de grandeza,
Pois certo não é o tamanho,
Que põe o Pão na mesa...
O tempo que nos iguala,
Em tão sublime sabedoria,
Que fez da tinta no papel...
Nascer uma nova Maria.
Aqueles que discriminam,
Continuam a falsa ilusão...
Alimentando preconceitos,
No mundo da escuridão...
Sem entender que a vida...
Não está no brilho dourado,
O mundo guarda caminhos,
Pra quem nasceu iluminado.
E Maria já nasceu grande,
Não para olhos tão rasos,
Pois as mais belas flores,
Nunca precisam de vasos,
É a vida ensinando formas,
Que cada um traz escrito...
Não justifique a ignorância,
Só entre o feio e o bonito.
E a Poesia abre caminhos,
Na vida de outras tantas,
Quando a tinta se esparrama,
Colhe-se o bem que se planta,
Germina os frutos do amor...
Escondidos entre os versos,
Enxuga as lágrimas da dor,
E espalha luz ao universo.
Maria, hoje, é o canto...
É verso – é sonho – é poesia,
Quem nunca teve tamanho,
Pelo tamanho lhe media...
Matando o olhar da criança,
Enchendo a moça de defeito,
Mas a mulher se fez grande,
Para pisar no preconceito.
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