Coloquei reticências nas frases da vida,
Por saber que a vida não tem ponto final,
E refiz as metáforas de palavras seguidas,
Seguindo o caminho do meu próprio ideal.
Dei tempo ao tempo, sem tempo a seguir,
E fiz conjugação de algum verbo no singular,
Busquei no passado o meu futuro por vir...
E aprendi que o amor é o verbo a conjugar.
Coloquei reticências em frases e letras...
E me refiz na poesia, no abstrato dos versos,
A linguagem mais simples, estrofes perfeitas,
Adjetivando a palavra, na lavra do universo.
Mas a mão amojada de escritas e rimas...
Prefácios estranhos no ataúde do tempo,
Que fez da pena numa cena de esgrima,
Banhada na esfinge de áuricas e ventos.
Três pontos contínuos de um mesmo sinal,
Apontando um rumo que vai mais além...
Sem ponto de chegada sucessivo universal,
Que mostram o caminho, do fim que não tem.
Advérbios esquisitos, de sujeitos ocultos...
Adjuntos separados de número e numeral,
Predicados prediletos, imagens e vultos,
Fontes e fonemas de epigrafia anormal.
Escritas bonitas que na folha se enfeita,
Onde a pena rasteja sem pena do fim...
Para muito são versos, escritas perfeitas,
Para outros à pena, que tem pena de mim!
Escrevo o que sinto e sinto que devo...
Transpondo ao papel e para ele não minto,
Estranho conceito que logo me embebo,
Vedado ao segredo das coisas que sinto.
Nos dedos, as marcas já gastas do tempo,
No tempo, os sonhos que enfeitam o papel,
Epigrafia imperfeita de sons e sentimentos,
Na esperança que avança de um termo fiel.
Coloquei reticências nas frases da vida...
Caminho entreaberto, entre acento e sinal,
Deixei um espaço com parêntese em seguida,
Interrogação pretendida, no meu ponto final!
Fiz texto e pretexto com mesmo sentido...
Escravo das letras e das rimas perfeitas,
Balbuciei palavras ao pé do teu ouvido,
E não fui compreendido nas formas estreitas.
Epigrafei a minha vida em tempo real...
Num sujeito oculto que vagou pelos dias,
Adjetivando palavras bem longe do banal,
Descobri a metáfora que me fez poesia!
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