Tão pouco ser bonito,
E o que tenho escrito,
Não sejas do teu agrado,
Tudo que tenho guardado,
Não vale um só tostão…
E carrego entre as mãos,
Numa folha de papel…
Mas juro que sou fiel,
Pois é teu meu coração.
Talvez até à noite traga…
Em teus sonhos matutinos,
Meus tempos de menino,
O que a vida não apaga,
Enquanto o vento afaga,
Mesmo achando que não…
Nessas horas de solidão…
Enrolada em teus lençóis,
Sou eu pensando em nós,
Pois é teu meu coração.
Ouça o vento na janela…
E a chuva que bate forte,
Talvez seja a tua sorte…
Dançando ao lume da vela,
Aquela florzinha amarela…
Que encontrei no estradão,
Naquela tarde de verão…
Que eu te dei de presente,
Tenha um pouco da gente,
Pois é teu meu coração.
Este silêncio do campo,
Enquanto a noite embala,
Traz o som da tua fala,
No luzeiro dos pirilampos,
E até para ser franco,
É como se fosse canção…
Entre as paredes do galpão,
Aqui num fundo de posto,
Há duas cacimbas no rosto,
Pois é teu meu coração.
Meu mate anda amargo…
E as noites mais compridas,
Minha alma ressentida…
Brota nos sonhos que trago,
Vivendo longe do pago,
Nessas horas de precisão,
Que me pego em oração…
Pedindo à Virgem Maria…
Que chegue logo, outro dia,
Pois é teu meu coração.
Tenho um pingo no arreio,
E outro já no cabresto…
Falta encontrar pretexto,
Pra atorar o campo ao meio,
Sem falta e sem receio…
Quero encontrar razão…
Para apear no teu portão…
Antes que tarde finda…
Pra te buscar minha linda,
Pois é teu meu coração.
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