para quem nasceu andarilho!
A casinha de tábuas velhas,
encostada à mangueira de pedra,
ali, de frente para o corredor;
O açude e o poço de balde...
o galpão de santa-fé, caído,
a ramada de folhas secas...
tudo isso foi parte da minha infância!
Meu Pai, chegando ao tranquito,
o lobuno suado, o olhar cansado,
e uma junta de bois mansos...
ao rangindo da cantadeira;
Mais uma semana na estrada,
levando quitanda ao povo,
quem sabe volte de novo,
felizes da sua chegada!
Assim foi por muito tempo,
no velho rincão quintiano,
a algazarra da gurizada,
que chegavam na escolinha;
As carreiras de piás arteiros,
as “luitas” e jogos de bola...
As histórias mal contadas,
por quem não ia estudar!
Dizem que d'outro lado da sanga,
no ranchinho da tia Negra...
uma das “guria” enlouqueceu,
que anda por aí pelos matos,
vivendo que nem cuatiara...
se alguém ver, que dispara,
e se esconde nas bibocas.
A seca grande que ronda o pasto,
a água escassa pra os bichos...
as ressolanas de janeiro,
anda atormentando os gringos.
Perderam a roça de feijão...
o milho não dá nem pro gasto,
o gado não tem mais pasto...
e está feia a situação!
Só tem água na cacimba...
e um pouco na Sanga da Joana,
se não chover essa semana,
não sei o que vai ser dessa gente,
mas a esperança não falha...
As orações da tia Daia, da tia Negra,
do velho João, da dona Margarida,
do Miguelão, sei que a fé se remoça,
e logo virão as poças...e vida nova no rincão!
Dizem que vai ter carreirada,
no bolicho do compadre Chico,
parece quem vem os milicos...
o intendente e um delegado,
por que da última algazarra,
meteram banca, fizeram farra,
talvez até por desacato...
coisas que não se explica,
deram um balaço na tia Julica,
e furou o bico do sapato!
Como eu fui feliz nesse lugar!
Hoje quando me lembro...
o rincão que minha alma habita,
me vem imagens e são tantas...
enxovalhando duas poças d’água,
cacimbas que jamais secam...
orvalhadas pelos serenos...
das noites junto à casa velha!
A vida nos oferta um mundo,
para quem nasceu andarilho!
Mas a felicidade se distancia,
cada vez que caseamos panos,
(tecidos de uma era antiga)...
onde plantamos nossos sonhos,
vergados em terra fértil...
que não se esquece, jamais!
Tudo o que ganhei do mundo;
Tudo que conquistei na vida...
por certo tem o seu valor,
mas jamais se compara ao amor,
- Amor da terra da gente;
- Amor que se faz presente,
em cada verso bonito...
desses que já vem escrito,
nos pergaminhos de um coração,
Nada se compara ao meu rincão,
aquele lá, do quinto distrito!
OS NOMES USADOS SÃO FICÇÃO, NINGUÉM QUE FOI CITADO, EXISTIU DE VERDADE, PARA OS OUTROS!
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