Encharquei os meu olhos,
Pelas garoas do outono,
Na palidez do abandono,
De uma vidraça moldada,
Onde os reflexos do nada,
Transmutam a paisagem...
Desenhando a tua imagem,
Nas minhas retinas molhadas.
Talvez seja a minha loucura,
(Na insanidade dos dias)...
De ver o que nunca via...
...ou se via, nem lembrava!
O perfume que exalava,
Ante o vazio da janela...
Era a imagem do rosto dela,
Que a vidraça desenhava.
Te via no fundo do copo...
Ainda lambuzado de vinho,
Te via no abajur, sozinho...
A iluminar o desgosto...
Via o formato de um rosto,
Num espelho carcomido...
Onde refletiam os sentidos,
De um eu, do lado oposto.
Tentei enxugar as gotas...
Que molharam o assoalho,
E uma dama no baralho...
A me mostrar um coração,
Parecia me dizer um não...
Na carta em que agarro...
Com as cinzas de cigarro,
Na penúria da solidão.
Seriam apenas devaneios...
De uma mente viageira?
Ou a ilusão das roseiras...
Que dançavam ante a vidraça,
Como bailarinas sem graça,
Atormentando o meu dia...
Talvez loucura ou utopia,
De, te enxergar, na fumaça!
É triste a noite de outono,
No quarto frio, da saudade,
Aonde o sonho e a realidade...
Vivem do mesmo dilema,
Desenhado em cada cena,
Que a lua, me dá, de graça...
Esculpindo na vidraça...
Da minha alma pequena!
Morri pra o mundo de fora,
Morreu o mundo em mim...
Aos sonhos já dei um fim...
Pra solidão fazer morada,
Diante à vidraça, embaçada...
Há um par de olhos que chora,
E até a morte se foi embora...
Deixando um eu e mais nada!
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