Caiu a noite de novembro,
Com choros do vento norte,
Trazendo um cheiro de morte,
E um céu, negro, sem lua...
Com almas vagando nuas,
No acinzentado das cores,
E olhares carregando dores,
Pelo silêncio das ruas.
Nas casas, choros e rezas...
Alumiados a tocos de velas,
Portas com trancas, tramelas,
Lágrimas de dor e de medo,
Num Rosário entre os dedos;
Resta a fé das orações...
Quando excluso das razões,
Guarda o tempo em segredos.
E a noite foi indo, ao silêncio...
Alheia ao tempo que passa,
Cochicham vozes na praça,
Entre trincheiras e valos...
Ao longe, cantam os galos,
Chamando pela madrugada,
E fuzil vem fazer clarinada,
Pelo espantar de um cavalo.
Pouco adiantou as trincheiras,
Tão pouco a força de uma raça,
E o sangue banhando a praça,
De uma centena de heróis...
Talvez incrédulos, ou algoz,
De um tempo de tirania...
Em que a razão e a rebeldia,
Não tinham olhos e nem voz.
Morreram como tantos outros,
Que a guerra podre condena,
Onde a força de uma pena,
Quando rasteja no papel...
Faz de um barbarismo cruel,
Onde a vida pouco importa,
Escrevendo por linhas tortas
Os estrelatos de um coronel.
Quais os motivos da guerra?
A quem importam os ideais?
Se, todos nascemos iguais...
Pelo menos na minha crença,
Porque essa dura sentença...
Para quem pensa diferente?
Se a guerra mata inocentes
Sem mesmo saber o que pensa?
E as mães que choram os filhos?
E os filhos que choram os Pais?
De que adiantam tanto ideias,
Se a morte marca um final?...
E a estupidez continua igual,
Excluindo gente com fome...
E dando honra a tanto nome,
Como se fosse, imortal!
A guerra é para ser lembrada?
A guerra é para se esquecida?
Porque não, comemorar a vida,
Enquanto exaltam as mortes?
Se muitos não tiveram a sorte,
E sobreviveram da desgraça...
De um filho morto na praça,
Calado, na dor do mais forte.
O que mudou com a matança?
O que melhorou pra essa gente?
Se a história ainda nos mente,
Clamando a fé dos caudilhos...
Senhores de muito brilho...
Que ao tempo são exaltados,
Enquanto Pais são condenados,
Chorando a perda dos filhos.
Me, perdoem meus Patrícios,
Se o meu pensar é diferente,
Mas não me orgulho dessa gente,
Com busto exposto, nas praças,
Que a história pinta de graça,
Para mim, são bandidos iguais...
Com estrelatos de generais,
Aproveitadores da desgraça.
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