segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Um Pé de Cedro, tombado!

Tombou-se o pé de cedro
Com a força do temporal,
E o que parecia imortal,
Diante de tantos ventos,
Findou-se pelos lamentos,
De tantos olhos tristes...
Sem saber que ainda existe,
Razões para os sentimentos.

O que parecia estar morto,
Tombado ao luto da praça,
Um tronco caído, sem graça,
Raízes expostas aos ciscos...
Já não havia mais o risco...
Diante aos olhos de tantos,
Que pediam luzes aos Santos,
Ou algum outro Francisco.

Pois, e foi ele, o Francisco,
Vendo aquele tronco tombado,
Diante de olhares espantados,
E de uma certeza incerta...
Quem sabe uma descoberta,
De alguma capa de revista,
Para quem tem mão de artista,
Um tronco é arte, na certa!

As mãos, quando para o bem,
Trazem as marcas nos dedos,
Esculpindo a vida em segredo,
Talhando na forma do aço...
O que seria apenas um pedaço,
Um tronco de cerno, caído...
Por duas mãos é esculpido...
Tendo outra forma, no braço.

Pra quem só enxerga madeira,
Pra arte é uma outra forma...
Talvez sem conceitos ou normas,
Talvez são sonhos e incertezas,
E a madeira estampa a beleza...
Pelos veios simples da arte...
O cedro ganha vida e faz parte,
Num outro formato de mesa!

Talvez fosse outro Francisco,
Aquele que cuida da natureza,
Que na luz de sua grandeza...
Pedisse à Deus, o Criador,
Que num momento de dor,
Diante de tantas arvores caídas,
Tivesse um Francisco, na vida...
Com sua forma de escultor.

O que era apenas Pé de Cedro,
Hoje faz parte da Igreja...
Para que todo mundo veja,
O que as mãos e arte fazem,
Na fé em que todos trazem...
Aos pés do Cristo Crucificado,
Um velho Cedro, tombado.
Enfeita outra paisagem.

O que poderia ser desgraça,
Na noite de um temporal...
Hoje tem a forma ideal...
Para os Santos na Sacristia...
Não quero a lembrança do dia,
Das dores e gritos guardados,
Mas a vida do cedro tombado,
Hoje é palco para eucaristia!

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