Finge-se de bom...
Aquieta-se...
Hiberna...
Mas um dia renasce e agiganta-se.
Louco, na sua fase terminal:
Grita...
Sussurra...
Resmunga...
Com força de mil corredeiras,
Extravasa a sua ira em mil poemas.
Mastiga versos ao vento,
Na voracidade de vozes silenciosas.
Que, ranzinzas, ecoam no vazio de mim!
Na voracidade de vozes silenciosas.
Que, ranzinzas, ecoam no vazio de mim!
Quando arrebanho letras e frases,
Juntando uma a uma...
Qual as folhas secas, de um outono febril,
Que dançam ao som de ventos cantores,
Ventania de saudades...
Molhada pela brisa funeral de uma noite pálida.
Assim sou eu!
Um louco, alucinado, degustando versos...
Mordiscando palavras...
Mastigando anseios.
Fogo incandescente de brasas rubras...
A incendiar um peito de pele gelada,
De pálpebras molhadas...
De mãos amassadas!
Por outras vezes, sou diferente!
Tão comum como qualquer um...
Que sofre de amor na dor latente,
Que é flor e semente de um araticum!
Jeito e trejeito de jeitoso efeito...
Lâmina cortante qual língua de viúva,
Pesados pesares a prender-me o peito,
Pleonasmo perfeito, pr’um tapa de luva!
Louco e loucura!
Pressa e calmaria!
Há um pouco de tudo quando o olhar deságua,
Na fome incontida que me vem, poesia,
É lâmina fria a cortar-me, há magoas!
Pressa e calmaria!
Há um pouco de tudo quando o olhar deságua,
Na fome incontida que me vem, poesia,
É lâmina fria a cortar-me, há magoas!
Hiberno no tempo para acordar depois,
Com versos confusos a confundir-me a mente,
Palavras incertas a profetizar verdades...
De falsos profetas que são convincentes.
Tem um louco que adormece em mim!
Finge-se de bom...
Aquieta-se...
Hiberna...
Mas um dia renasce e agiganta-se,
E implora à poesia, uma prece eterna,
Fingindo apenas, na dor dos poetas...
Penúria confessa de encontrar um fim,
...ou apenas ressabio de um louco,
que vive em mim!
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